O governo Lula (PT) enfrentou na última semana um dos piores momentos desde a posse. Diversos contratempos afetam a imagem da nova gestão e, pior, a comunicação está muito ruim.
Adiamento da viagem à China - uma pneumonia impediu o presidente Lula de viajar para a China, importante etapa no processo de recuperação da imagem do Brasil junto à comunidade internacional. Mesmo assim, diversos empresários não mudaram a agenda e estão em Pequim, assim como alguns integrantes do governo.
Adiamento do novo arcabouço fiscal - apesar dos esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de entregar o projeto do novo arcabouço fiscal, a matéria foi adiada. Não há entendimento na cúpula governista sobre os termos da proposição. A incerteza só alimenta a especulação no mercado.
Taxa de juros - a pressão de muita gente no governo e fora dele, o presidente Lula inclusive, não foi suficiente para que o Banco Central cortasse a taxa básica de juros (Selic). O Comitê de Política Monetária da instituição manteve a taxa em 13,75%, em uma decisão eminentemente técnica. Frustração no Planalto.
Moro x Lula - o embate entre o presidente Lula e o senador Sérgio Moro (União Brasil/PR), que se arrasta há anos desde a operação Lava-Jato, ganhou um novo capítulo nos últimos dias com declarações fortes de ambos os lados e um plano da facção PCC para atacar o parlamentar. A disputa, que movimenta o cenário político brasileiro, já proporcionou a cada um momento de glória e derrotas. Agora, as críticas do petista ao senador podem unir a oposição contra o governo, criando novos obstáculos para o Planalto.
Lira x Pacheco - segue o impasse entre os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG). A briga tem como pano de fundo a questão das comissões mistas permanentes para analisar medidas provisórias. Pacheco quer colocá-las em funcionamento, enquanto Lira é contra. A disputa já respingou no Planalto, que busca um acordo entre as partes.
Bolsonaro de volta? - o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizou que poderá retornar ao Brasil nos próximos dias. Ele pretende ser uma das principais vozes da oposição, em um momento de baixa governista. A conferir.
André Pereira César
Cientista Político
