O fim da era Aras, o mais fiel dos Bolsonaros - Linha de Pensamento - Hold

O fim da era Aras, o mais fiel dos Bolsonaros

Hoje, 26 de setembro, é o último dia do mandato de Augusto Aras como Procurador-Geral da República (PGR). Em seu lugar assumirá o posto interinamente a procuradora Elizeta Ramos, enquanto o presidente Lula (PT) segue em busca de um nome. As opções estão à mesa.

Polêmico, o baiano Aras nunca foi unanimidade. Pelo contrário, a blindagem que ofereceu ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), em especial durante a pandemia e imediatamente após o surgimento de diversos casos suspeitos de corrupção, foi objeto de duras críticas. No meio jurídico, em especial, suas posições foram fortemente questionadas par parcela significativa do mundo político (e da imprensa). Assim como ex-PGR Geraldo Brindeiro (carinhosamente apelidado de “engavetador-geral da República"), Aras sai de cena para, finalmente, tornar-se uma anedota de si mesmo.

Mesmo assim, comentava-se, pouco tempo atrás, que setores do atual governo viam até com certa simpatia a possibilidade de recondução a um novo mandato - e Aras chegou a trabalhar por isso, diga-se. Sob essa ótica, o ainda PGR poderia manter o mesmo estilo com Lula.

Interessante observar o ocorrido na sessão de segunda-feira, 25 de setembro, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Entre muitos elogios, destaque para a fala do ministro Gilmar Mendes, que afirmou que Aras “reinstitucionalizou o Ministério Público Federal”; e do também ministro Dias Toffoli, chamando a atenção para a “graça divina” do Brasil por tê-lo como PGR.

O fato é que o titular do Planalto ainda tem dúvidas sobre o novo PGR. Aos até então favoritos Paulo Gonet e Antonio Carlos Bigonha juntou-se o nome de Aurélio Rios. A indefinição segue em campo.

Quanto ao perfil da interina no cargo, a procuradora Elizeta Ramos não agrada a setores do PT, por ser considerada “muito lavajatista”. Mesmo assim, pode-se esperar uma passagem discreta - e possivelmente curta. Dificilmente serão registrados ruídos mais graves.

Enfim, a era Aras tem seu epílogo. Resta saber se o presidente Lula, ao escolher o sucessor, optará por alguém com perfil similar ou buscará uma solução que indique novos caminhos e métodos. A conferir.

André Pereira César

Cientista Político

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