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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou esta quinta-feira em baixa de quase 1 por
cento ante o real, em meio à recuperação de divisas de países emergentes no
exterior e após atentado sofrido pelo candidato do PSL à Presidência, Jair
Bolsonaro, levando o mercado a avaliar que isso poderia fazer candidatos mais à
esquerda perderem fôlego na corrida eleitoral.

O pregão também foi marcado por volume mais baixo pelo feriado do Dia da
Independência no dia seguinte e que manterá os mercados locais fechados.
O dólar recuou 0,95 por cento, a 4,1042 reais na venda, mas acumulou alta de 0,78
por cento na semana. Em agosto, a moeda norte-americana ganhou de mais de 8
por cento.

O dólar futuro tinha queda de cerca de 1 por cento no final da tarde.
"Com o exterior mais tranquilo, o investidor resolveu dar uma parada (nas compras)
por aqui", comentou um operador de câmbio de uma corretora local.

O dólar recuava frente a moedas de países emergentes, após recentes altas em
meio ao cenário delicado em diversos países, como Turquia e Argentina, mas sem
deixar de lado as preocupações com a guerra comercial patrocinada pelos Estados
Unidos com seus parceiros.

A moeda norte-americana também recuava ante uma cesta de moedas.
A queda do dólar ganhou um pouco mais de fôlego na reta final do pregão, após a
notícia de que Bolsonaro havia sido alvo de uma facada na região do abdômen
durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG).

Segundo informações da GloboNews, o político estava passando por uma cirurgia.
Antes, Flavio Bolsonaro, um dos filhos do candidato do PSL, disse que o candidato
passava bem e que havia levado seis pontos no local do ferimento.

"A primeira interpretação é de que a esquerda pode perder força nas eleições",
disse um gestor de derivativos de uma corretora estrangeira.

Nova pesquisa Ibope publicada na noite passada mostrou que Bolsonaro
continuava na liderança na corrida ao Palácio do Planalto, com 22 por cento,
seguido de Marina Silva (Rede), com 12 por cento.

Um dos destaques ficou por conta do avanço acima da margem de erro de Ciro
Gomes (PDT), a 12 por cento, sobre 9 por cento antes. O candidato do PSDB,
Geraldo Alckmin, oscilou para 9 por cento, de 7 por cento antes, enquanto
Fernando Haddad (PT) ficou com 6 por cento, frente a 4 por cento.

O mercado avalia que Alckmin seria mais comprometido com reformas que
considera necessárias ao ajuste fiscal do país. Por outro lado, vê candidatos de
esquerda com menos cuidado com as contas públicas.

"O atentado favorece candidatos de direita, que defendem ação mais enérgica do
estado contra criminosos", comentou um gestor de derivativos de um banco
estrangeiro.

Para o analista político e sócio da Hold Assessoria Legislativa, André Cesar, essa
situação pode favorecer a candidatura de Bolsonaro se for comprovado que o
atentado teve conotação política.

"E também o inverso... Por isso, é necessário se deixar tudo absolutamente
esclarecido", afirmou ele, acrescentando que podem surgir especulações de que o
atentado possa ter sido armado.

No dia seguinte, quando os mercados domésticos estarão fechados por causa do
feriado, será conhecida mais pesquisa eleitoral encomendada pela XP
Investimentos sobre a corrida eleitoral e, nos Estados Unidos, serão divulgados
dados sobre o mercado de trabalho, indicador bastante acompanhado pelo Federal
Reserve, banco central norte-americano, na formulação de sua política monetária.

Em meio a tantas incertezas, pesquisa da Reuters com estrategistas e economistas
mostrou que o dólar deve recuar 8,7 por cento, a 3,79 reais em 12 meses, se
comparado com o atual patamar ao redor de 4,15 reais, de acordo com a mediana
de 30 estimativas coletadas entre 31 de agosto e 4 de setembro.

Seria uma taxa um pouco mais alta do que o resultado de 3,60 reais apurado na
pesquisa do mês passado, revisão surpreendentemente pequena após a moeda
marcar sua maior alta mensal em três anos no mês passado. O dólar saltou 8,46
por cento em agosto.

Mas esse dado provavelmente não representa adequadamente o quanto os
especialistas estão correndo para atualizar suas estimativas. O desvio padrão, uma
medida de dispersão, atingiu o maior nível desde maio de 2016, época do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, superando um pico atingido em
junho.

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais
tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 2,18 bilhão de dólares
do total de 9,801 bilhões de dólares que vence em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem
integral.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2018/09/06/dolar-cai-quase-1-ante-real-com-exterior-e-cena-eleitoral-no-brasil.htm

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