Calabouço, arcabouço & Bolsonaro - Economia - Hold

Calabouço, arcabouço & Bolsonaro

A semana chega ao fim com importantes definições no mundo político. Duas em especial, a apresentação da nova regra fiscal (o arcabouço, ou “calabouço” na visão de alguns) e o retorno ao país do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamam a atenção de todos. Uma nova etapa no debate público se inicia.

No caso da nova âncora fiscal (o chamado arcabouço), o governo aposta no crescimento da arrecadação com impostos para equilibrar as contas públicas. A regra de controle de gastos é combinada com a criação de um piso para as despesas. Os gastos vão aumentar no mínimo 0,6% acima da inflação, mesmo se a meta de resultado primário for descumprida. Os investimentos também ficarão blindados com a criação de um patamar mínimo.

A princípio, o mercado ficou satisfeito com a proposta. Após o anúncio, a Bolsa subiu 1,89% e o dólar caiu 0,73%, chegando a R$ 5,09. Os juros futuro, por sua vez, recuaram. Boas notícias, sem sombra de dúvida.

Um dado importante. A apresentação do novo arcabouço fiscal foi feita pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet - uma foto que resume a frente democrática que elegeu o presidente Lula (PT) no pleito de 2022. O Planalto produziu uma boa notícia após uma série de contratempos.

Já o retorno de Bolsonaro teve cara de anticlímax. A recepção no aeroporto de Brasília ficou aquém das expectativas, e apenas o núcleo mais próximo do ex-presidente o acompanhou nas primeiras horas em solo pátrio. O recado inicial foi claro. Ao atacar o titular do Planalto, ele afirmou que “os petistas não vão fazer o que bem querem com o destino da nossa Nação”.

A questão é saber se Bolsonaro conseguirá se tornar a voz de comando da oposição. Não será fácil. Antes de começar a circular o país apresentando sua agenda, ele precisará se explicar à Justiça (e também à opinião pública) a respeito das “joias árabes”. Saia justa que, no limite, significa crime. Simples assim.

Enfim, o jogo político mudou de figura e Bolsonaro terá que correr atrás, se quiser se manter como um nome viável para as eleições vindouras. A sorte está lançada.

André Pereira César

Cientista Político

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