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Diário da transição: três movimentos em foco 

Quarta-feira, 30 de novembro. Importantes movimentos políticos foram registrados nas últimas horas no âmbito do processo de transição. Eles envolvem três áreas cruciais para o governo eleito - economia, Defesa e o Congresso Nacional - e sinalizam que a futura administração começa a ganhar corpo.

No campo da economia, ganha força o nome do ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad (PT) para o comando da Fazenda, em dobradinha com um técnico (possivelmente o economista Pérsio Arida) no Planejamento. Já há algum tempo Haddad tem circulado ao lado de Lula (PT) e sua recente indicação para o grupo de trabalho reforça a percepção de que seu nome segue competitivo.

Caso confirmado no cargo, o ex-prefeito terá como desafio imediato superar a desconfiança que setores do mercado tem em relação a seu nome. Em evento promovido pela Febraban na semana passada, Haddad recebeu críticas por ter feito uma apresentação supostamente “genérica”. A conferir.

Para o delicado ministério da Defesa, o presidente eleito puxou uma carta que a princípio não estava na mesa. Ele chamou o ex-deputado, ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-ministro José Múcio Monteiro para conversar sobre o tema. Com eles na reunião estavam antigos comandantes das três Armas e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Próximo a Lula, de quem foi ministro das Relações Institucionais, Múcio é político com vasta experiência e com bom trânsito junto aos mais diversos setores, inclusive os militares. Dado seu perfil conciliador, seria o homem certo no lugar certo para acalmar os ânimos da caserna e reestabelecer o diálogo. Jogada a princípio inteligente do petista, apesar da pressão contrária de grupos do partido que defendem a indicação do ex-ministro Nelson Jobim.

Por fim, ao anunciar o apoio à recondução de Arthur Lira (PP/AL) para a presidência da Câmara dos Deputados, os partidos da base de Lula (PT, PSB, PCdoB e PV) em tese deram um importante passo para a manutenção da governabilidade da futura gestão e com vistas a uma possível diminuição do poder de fogo do PL de Valdemar Costa Neto e do presidente Jair Bolsonaro. Sem um confronto aberto, o caminho para as negociações estará aberto.

Aqui, o PT deu sinais de que aprendeu com um passado não tão distante. Assim que foi reeleita, no início de 2015, Dilma Rousseff (PT) desafiou o deputado Eduardo Cunha na disputa pela presidência da Casa. O resultado todos sabem - vitória do então peemedebista por larga margem de votos sobre o petista Arlindo Chinaglia, candidato do Planalto, e o início da queda da popularidade da presidente com a aprovação de diversas pautas bombas que seguidamente tiveram que ser vetadas. Cunha se empenhou até o fim, com êxito, pelo impeachment da petista.

Em suma, o novo governo começa a ganhar forma. Trata-se de momento importante, no qual as diretrizes da futura administração começam a ficar claras. O mundo político, a economia e a sociedade em geral podem começar a tomar decisões em bases mais sólidas a partir de agora.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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