Os doze trabalhos de Bolsonaro - Hold

Os doze trabalhos de Bolsonaro

As urnas confirmaram o que já era indicado pelas pesquisas e Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República. Derrotar o petista Fernando Haddad pode ter sido o movimento menos difícil para o capitão reformado. Seus múltiplos desafios apenas começam. Vejamos:

• comandar um processo de transição transparente e ordenado, de modo a demonstrar que tem controle sobre o novo grupo no poder. Para isso, deverá contar com o suporte do governo Temer;

• estabelecer a ordem e o comando sobre os grupos que apoiaram sua candidatura - militares, família, políticos, setor empresarial, equipe econômica. De imediato, essa unidade interna será de importância fundamental para os próximos passos do governo que tomará posse no início de 2019;

• anunciar uma equipe econômica sólida e alinhada com as demandas do mercado, dos setores produtivos e da sociedade em geral. Essa equipe precisará conter nomes da academia e do próprio mercado, e poderá contar com integrantes do governo Temer;

• em linha com a equipe econômica, anunciar ao menos os pontos básicos de seu programa para a economia. Reformas, como a da Previdência e tributária, a questão das estatais e a retomada do desenvolvimento deverão fazer parte desse balaio;

• buscar partidos e grupos políticos que tenham afinidade programática para estabelecer uma ampla aliança que lhe proporcione a tão falada governabilidade. Essa coalizão, em tese, deverá ser formada majoritariamente por legendas de centro-direita, incluindo o Centrão, mas todas as hipóteses de negociação deverão ser postas à mesa;

• estabelecida a coalizão, definir todo o ministério, incluindo os nomes de sua cota pessoal e confiança (que poderão até mesmo ser anunciados antes);

• apresentar uma lista de metas para os primeiros cem dias de seu governo. Essas metas precisarão ser factíveis e politicamente viáveis. O caráter simbólico da medida tem forte apelo junto ao eleitorado;

• buscar o diálogo com todas as forças políticas, em especial a oposição. Governadores, prefeitos e demais autoridades precisarão ser procuradas para que algum tipo de compromisso entre as partes seja estabelecido;

• também a sociedade civil organizada, em todas as suas frentes, precisará ser chamada ao diálogo. OAB, CNBB, ABI, centrais sindicais, representantes patronais, organizações estudantis, todos deverão ser chamados a conversar;

• conter a todo custo os arroubos de apoiadores mais afoitos. Ao longo da campanha, aliados de Bolsonaro praticaram atos de violência contra adversários, o que é absolutamente inadmissível;

• a comunidade internacional, que mostrou-se incomodada em diversos momentos da campanha, precisará receber acenos de moderação e disposição à cooperação da parte de Bolsonaro. O Brasil é importante player na cena internacional e o governo eleito não pode descuidar dessa frente;

• por fim, demonstrar respeito por toda a população brasileira. Por respeito entenda-se a capacidade de seguir o determinado pela Constituição e não discriminar segmento algum da sociedade.

André Pereira César
Cientista Político

Texto publicado originalmente em 30/10/2018.

Comments are closed.