O que pode mudar até 7 de outubro - Hold

O que pode mudar até 7 de outubro

A disputa sucessória chega à reta final com emoções para todos os gostos. As duas
candidaturas que lideram as pesquisas (Bolsonaro e Haddad) serão pressionadas como
nunca e os outros dois principais concorrentes (Alckmin e Ciro Gomes) lançarão mão
dos últimos recursos disponíveis para garantir vaga no segundo turno.

Na última semana a disputa presidencial tomou rumos que mexeram com o cenário
quase estável, para o segundo turno, que as pesquisas vinham apontando. Nada está
fechado.

A candidatura Jair Bolsonaro (PSL) segue em seu inferno astral. Líder mas estagnado
nas pesquisas, tudo indica que o capitão aposentado atingiu seu teto. Os problemas
internos seguem em profusão - declarações polêmicas de seu vice, general Mourão, e
desencanto por parte do mercado com suas propostas estão na ordem do dia. Agora,
Bolsonaro enfrenta graves denúncias em matéria de capa da Revista Veja e, dia 29,
assistirá ao evento nacional promovido pelo #elenão contra sua candidatura. O
momento é ruim e o candidato pode ver caírem por terra suas expectativas de êxito no
pleito.

O petista Fernando Haddad continua crescendo nas pesquisas. No entanto, ele
também enfrenta problemas. Os adversários já exploram os riscos do "retorno do PT"
ao poder e até o chamado "fogo amigo" se faz presente - a presidente nacional do PT,
Gleisi Hoffmann, defendeu publicamente a concessão de indulto a Lula em caso de
vitória do partido. A fala da senadora tem potencial para afastar o eleitor menos
radical de Haddad, que vota nele mas concorda com a prisão do ex-presidente. Nos
dias finais de campanha, o candidato e seus aliados precisam ser mais conservadores,
sob o risco de perder preciosos votos.

Ao pedetista Ciro Gomes só resta a opção de atacar o PT para retomar o terreno
perdido para Haddad. Isso ficou claro no recente debate SBT/UOL, onde Gomes
afirmou que prefere governar sem o PT. O conhecido "franco-atirador" pedetista
ganhará espaço até o final da campanha.

O tucano Geraldo Alckmin aposta suas últimas fichas em um sprint final. Seu principal
alvo é o eleitor desiludido de Bolsonaro. O tempo corre contra Alckmin. Ele precisa
crescer de maneira consistente na pesquisa DataFolha que será divulgada nesta sexta
feira, 28. Somente assim seus apoiadores terão ânimo para a reta final. Do contrário, o
Centrão, que já deu públicos sinais, fechará com outras opções eleitorais.

Os demais candidatos estão na condição de figurantes de luxo. Os votos deles, porém,
são muito importantes para a definição do pleito. Somados, Marina Silva (Rede), João
Amoêdo (Novo), Álvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos
(PSOL) têm aproximadamente 15% dos votos. Trata-se de contingente nada
desprezível, a ser disputado pelos demais candidatos.

O resumo da ópera é claro: o jogo eleitoral segue em aberto, apesar do favoritismo de
Bolsonaro e Haddad. Não se pode, em hipótese alguma, descartar um cenário
alternativo para o segundo turno.

André Pereira César
Cientista Político

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