Ruídos no governismo - Bolsonaro - 100 primeiros dias - Hold

Ruídos no governismo

Nos últimos dias, diversos eventos têm abalado o governo Bolsonaro. Tanto no Congresso Nacional quanto no Executivo, os sinais são de desentendimento interno.

Bancada evangélica - apoiadora de primeira hora de Bolsonaro, a frente parlamentar evangélica sinaliza com um posicionamento de independência em relação ao Planalto. Há queixas generalizadas quanto à falta de diálogo do governo. Mais ainda, os evangélicos não se sentem atendidos em suas demandas.

Partidos - algumas bancadas partidárias também têm externado insatisfação com o governo. O PSD já ensaia uma posição de independência e o DEM decidiu que só apoiará formalmente quando Bolsonaro solicitar. Para piorar, a relação entre Rodrigo Maia e Onyx Lorenzoni segue estremecida, o que dificulta ainda mais qualquer negociação.

Itamaraty - o ministério das Relações Exteriores é outro foco de problemas para o Planalto. À título de "melhora da imagem do governo", quinze embaixadores serão trocados, inclusive os de Washington e Paris. O clima é tenso entre os diplomatas.

Educação - o MEC também atravessa um período de turbulência. Sob suposta influência do guru Olavo de Carvalho, o titular da pasta, Ricardo Vélez, demitiu integrantes de alto escalão. À exemplo do que ocorre no Itamaraty, o ambiente é tenso nos corredores do ministério da Educação.

Recuo de Moro - o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi forçado a desconvidar a especialista em segurança pública Ilona Szabó para um assento no Conselho Nacional de Política Criminal e Previdenciária. O presidente Bolsonaro assumiu que a orientação de desconvidar a especialista foi dele. O episódio mostra que mesmo Moro, um dos nomes fortes do governo, tem limites para suas ações.

Considerações finais - todos os fatos listados acima acendem um sinal amarelo para o Planalto, que está focado na votação da proposta de reforma da Previdência. O governo sabe que ainda não tem os votos para aprovar a impopular proposição, e os ruídos apenas contaminam o ambiente. O Planalto precisa repensar com urgência algumas de suas ações.

André Pereira César
Cientista Político

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