Os tempos atuais são ásperos e brutos. A pandemia segue forte, com a variante delta do Coronavírus ganhando escala. A economia, que chegou a ensaiar uma tímida recuperação, perdeu tração, com a perspectiva de crescimento reduzido, inflação e desemprego elevados e taxas de juros ascendentes.
Pior, a ameaça de ruptura institucional é permanente, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados flertando com a catástrofe. A ainda jovem democracia brasileira segue em risco. O terreno é instável.
Dada essa realidade, pouco se pode esperar do próximo governo, que assumirá em janeiro de 2023. Não importa o nome do vencedor, o desafio já está dado - estabelecer uma gestão de reconstrução do Brasil. Uma espécie de “governo ponte”.
Mesmo o líder das pesquisas hoje, o ex-presidente Lula (PT) enfrentará claros limites em uma eventual administração. Ele encontrará uma terra arrasada. Assim, seria interessante, desde já, o estabelecimento de um pacto nacional entre os atores políticos envolvidos no processo sucessório. Uma saída civilizatória.
Um encaminhamento possível e politicamente viável nesse pacto seria o anúncio da desistência da reeleição. O vencedor abriria mão automaticamente da recondução e focaria apenas nos quatro anos vindouros, que não serão fáceis.
Além disso, a apresentação de uma ampla agenda nacional, que tenha por objetivo recolocar o Brasil nos trilhos. Nada mirabolante, apenas factível, para entrega da cadeira ao sucessor, em 2027, de um país em sustentável e verdadeira recuperação econômica e social.
A antecipada campanha será bastante diferente em comparação com as anteriores. O tempo corre e ele não pode ser desperdiçado. Basta de aventuras irresponsáveis.
André Pereira César
Cientista Político
Colaboração: Alvaro Maimoni - Consultor Jurídico