São Paulo, 24/05/2018 - Mesmo com o acordo entre o governo e representantes dos
caminhoneiros para a suspensão da greve, que teve início na segunda-feira, a liberação das
rodovias e normalização do fluxo de caminhões pode não ocorrer de maneira linear entre
os motoristas mobilizados pelo País, avalia o analista político André César, da Hold
Assessoria.
"A dimensão continental do Brasil e a extensão da paralisação, de norte a sul e leste a oeste
do território nacional, podem dificultar a desmobilização nas rodovias e a normalização do
setor de transportes", disse ao Broadcast.
O especialista citou a ausência da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) entre
os signatários do acordo como um exemplo das dificuldades de se implementar a
suspensão da greve. "Alguns dirão que é pouco, não vai ser tão trivial [suspender a greve],
pois são muitas lideranças fragmentadas. Pode haver dispersão, não sabemos o real alcance
do acordo", explicou. "Sem contar a própria logística de desmobilização."
Para o analista da Hold, o governo demonstrou fraqueza na condução do caso.
"Surpreendeu a rapidez com que o governo cedeu", comentou. Tal demonstração,
explicou, pode representar um risco de mais mobilizações e paralisações. "Outras
categorias fortes já estão de olho, podem acreditar que conseguem ter suas reivindicações
acatadas pelo governo, já que, como o próprio Padilha afirmou, todas as demandas
colocadas foram atendidas", afirmou. (Caio Rinaldi - caio.rinaldi@estadao.com)
