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Sucessão presidencial: o destino de Bolsonaro

Faltando um ano para as eleições de 2022, duas questões cruciais dominam corações e mentes do mundo político – em qual o partido o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se filiará? E, ainda mais importante, o titular do Planalto disputará a reeleição?

A primeira questão, referente à legenda, precisa ser respondida até abril do próximo ano. Bolsonaro, como se sabe, não é um “homem de partido” (já foi filiado a nove agremiações) e tem imposto algumas condições para ingressar na nova casa. Em linhas gerais, Bolsonaro deseja ter o controle total sobre as decisões partidárias, o que não tem agradado a boa parte das lideranças políticas envolvidas nas negociações, em especial os dirigentes regionais.

Hoje, as conversas estão restritas a quatro partidos. O PP, principal aliado de Bolsonaro, dificilmente aceitará Bolsonaro. Suas lideranças, como o ministro-chefe da Casa Civil e presidente do partido, Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), avaliam que o ingresso do presidente na legenda dificultará um eventual distanciamento do grupo em relação ao Planalto, algo que pode ocorrer nos próximos meses.

Republicanos e PL igualmente têm restrições à presença de Bolsonaro em suas fileiras, por questões políticas e programáticas. Assim, no momento o PTB seria o caminho natural. Por sinal, o presidente da legenda, Roberto Jefferson, interveio em diversos diretórios estaduais, aplainando o terreno para o titular do Planalto e ofereceu a Bolsonaro a indicação de todos os candidatos do partido ao Senado Federal. Meio caminho andado.

Quanto à sucessão presidencial, o quadro é de indefinição. A avaliação do governo há tempos cai de maneira consistente e mesmo setores que apoiaram sua eleição em 2018 começam a se afastar. De acordo com as pesquisas, Bolsonaro seria hoje derrotado pelo ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno. A má gestão da pandemia e a crise econômica, com desemprego, fome e inflação elevados, contribuem para isso.

Assim, ganha corpo a percepção de que o presidente pode abrir mão da reeleição para tentar, por exemplo, uma cadeira no Senado Federal. As chances de se eleger a uma cadeira são muito grandes e Bolsonaro manteria o foro privilegiado, blindado de qualquer ação legal contra si.

Não por acaso, alguns pré-candidatos ao Planalto já têm no radar essa possibilidade e, por conta disso, começam a voltar suas baterias para o petista. No PSDB, os dois principais nomes, os governadores João Dória (SP) e Eduardo Leite (RS), têm apontado o petismo como principal adversário. O neopedetista Ciro Gomes, outrora aliado de Lula, segue a mesma trilha, assim como Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS). O alvo é claro.

Bolsonaro celebra mil dias de governo com pouco a apresentar aos brasileiros. O tempo corre contra ele e as duas decisões que tomará - o novo partido e o cargo ao qual concorrerá - serão cruciais para os destinos da nação.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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