Onze notas políticas sobre dias intensos - Política - Hold

Onze notas políticas sobre dias intensos

A semana que se encerra foi marcada por intensa atividade no âmbito da política e da economia, indicando dias ainda mais frenéticos pela frente.

. A polêmica em torno da distribuição dos dividendos extraordinários a acionistas da Petrobras dividiu o governo, colocando em lados opostos o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente da petroleira, Jean Paul Prates (PT) (ambos favoráveis à distribuição), e do outro, contrários à medida, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e da Casa Civil, Rui Costa (PT). Chegou-se a cogitar da possibilidade de demissão de Prates mas, por ora, ele fica no cargo.

. A suposta interferência política no processo de sucessão do comando da Vale agitou o mercado. Tornada pública, a carta de renúncia de um integrante do Conselho da empresa expôs a divisão do colegiado e gerou incômodo geral, inclusive no Planalto. Muito barulho por nada?

. Preocupado com a chamada “inflação dos alimentos” - que teria sido uma das responsáveis pela pequena queda da popularidade do governo -, o presidente Lula (PT) reuniu ministros para discutir a questão e encaminhar soluções. A avaliação geral, até mesmo de especialistas, é de que se trata de um problema sazonal, com causas externas, e já a partir de abril a situação começará a normalizar.

. Após intensa articulação do presidente Arthur Lira (PP/AL), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto que institui o chamado “combustível do futuro”. Foram 429 votos favoráveis e dezenove contrários. A proposta, que agora irá ao Senado Federal, faz parte da chamada “agenda verde” do ministério da Fazenda. O objetivo é tornar o Brasil mais sustentável do ponto de vista ambiental e ampliar as fontes renováveis de energia.

. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal aprovou a proposta de emenda constitucional que proíbe o porte e a posse de qualquer quantidade de todo tipo de drogas, incluindo a maconha. De acordo com especialistas, o debate foi açodado e o texto (que irá a plenário) contém muitos “buracos”. Vitória dos conservadores.

. Das trinta comissões permanentes da Câmara dos Deputados, 27 já definiram seus presidentes e iniciaram os trabalhos ordinários. As três restantes (Defesa dos Direitos da Mulher, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente) decidirão os comandantes na próxima semana.

. Pesquisa do DataFolha sobre a sucessão paulistana mostra empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), com 30%, e Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, com 29%. A polarização (“calcificação”) em curso em todo o país, com lulistas de um lado e bolsonaristas de outro, já deu as caras na capital paulista.

. O ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou novo depoimento à Polícia Federal. Por mais de nove horas, ele teria detalhado uma série de questões envolvendo o governo passado, das joias sauditas à tentativa de golpe. Outros militares deverão falar às autoridades nos próximos dias.

. No exato dia em que se completaram seis anos dos assassinatos da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, as investigações do caso foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), por conta da suposta participação de pessoa com foro privilegiado. Na Corte, o encarregado da matéria será o ministro Alexandre de Moraes. Afinal, quem mandou matar Marielle e por quê?

. A festa de aniversário de José Dirceu (PT), realizada em Brasília na noite da última quarta-feira, mobilizou o mundo político. Centenas de pessoas compareceram ao convescote, entre elas o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministros e parlamentares, inclusive do Centrão, na figura do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. Dirceu, ao que tudo indica, recuperou o prestígio.

. O ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo dos depoimentos sobre os eventos do dia 8 de janeiro de 2023, dentre eles o do ex-presidente Jair Bolsonaro; Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente nas eleições de 2022; Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. A semana, que prometia um final-de-semana “tranquilo”, termina mais intensa ainda, com tendência de fervura para os próximos dias.

André Pereira César

Cientista Político

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