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O futuro do PSDB

Força partidária que, por vinte anos (1994 a 2014), travou com o PT uma luta pela hegemonia política do país, o PSDB hoje é uma pálida sombra do passado. Pior, o resultado das urnas poderá transformar a legenda em um ator político de baixíssima relevância. Qual o futuro do tucanato?

A questão passa diretamente por São Paulo, estado no qual o PSDB venceu todas as eleições desde 1994, algo único no Brasil. A disputa de agora apresenta um novo cenário. O governador Rodrigo Garcia, neotucano de recente conversão ao ninho que tenta a recondução ao cargo, não consegue empolgar o eleitorado. O apoio oficial de centenas de prefeitos do interior, até o momento, não se traduziu em bons números nas pesquisas. Garcia patina.

O quadro paulista, que tem reflexos em todo o país, é explicado pela polarização entre Lula e Bolsonaro. No estado, o embate entre os ex-ministros Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) é uma réplica da sucessão presidencial. Assim, os tucanos se transformaram em meros coadjuvantes, uma situação absolutamente impensável há não muito tempo.

Como dito acima, a crise paulista se espalha pelo PSDB nacional. No jogo do Planalto, a senadora paulista Mara Gabrilli (PSDB) - um bom quadro, diga-se - não agregou intenções de voto para a cabeça de chapa Simone Tebet (MDB). As duas, por sinal, estão longe de contar com o apoio incondicional de seus partidos. “Cristianização” é uma expressão que assombra a dupla.

Nos estados, o que se vê é um PSDB enfraquecido, com restritas chances de êxito em poucas disputas. Talvez o Rio Grande do Sul, com o ex-governador Eduardo Leite, que se tornou conhecido nacionalmente por haver pleiteado a presidência da República, pode reconquistar o Palácio Piratini. Um pequeno alento em meio a más notícias.

Recente declaração do ex-deputado federal Marcus Pestana, um dos cofundadores do partido, ilustra a situação geral. Ele afirmou que se deve pensar, para o futuro próximo, até no fim do PSDB, visando a construção de uma legenda mais ampla no centro político. De fato, o protagonismo tucano é coisa do passado - tempos de glória que não retornarão.

Há muitas razões a explicar a debacle do PSDB, entre elas a baixa renovação de lideranças (os tempos de Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e tantos outros ficaram para trás). Uma tentativa nesse sentido se deu com o deputado federal Aécio Neves, que inclusive tentou a presidência em 2014, mas seu comportamento ambíguo enterrou as expectativas de novos ares. Além disso, a disputa de egos minou as bases do partido. Exemplo maior disso foi o fiasco das prévias da sucessão presidencial, que expuseram a todos as profundas divisões internas.

Sem projeto, sem lideranças expressivas e com baixas perspectivas de poder, o PSDB vive seu ocaso. Triste fim para quem teve grande influência nos rumos do país.

André Pereira César
Cientista Político

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