Marielle, política e polícia - Política - Hold

Marielle, política e polícia

Dias atrás, nesse espaço, abordamos a crise pela qual passa o União Brasil - crise essa que chegou às páginas policiais. Agora, o partido voltou a ganhar destaque, com o envolvimento do deputado federal Chiquinho Brazão (RJ) no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

Além do parlamentar, estão na mira da Justiça Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE), Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e o delegado Giniton Lages, que foi o titular da Delegacia de Homicídios, responsável por investigar o crime. Impressiona que foram necessários seis anos para que se chegasse aos mandantes do crime.

Algumas questões seguem em aberto. Há outros envolvidos no mando da execução? Outras figuras públicas do Estado têm alguma participação? Respostas que ainda devem ser apresentadas.

O fato é que há uma espécie de Estado paralelo atuando no Rio de Janeiro. Nas palavras do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma “narcomilícia com conexões evangélicas”. Um cenário de insegurança para a população, que fica nas mãos do crime organizado.

Quanto ao União Brasil, a situação é no mínimo delicada. A legenda já enfrenta uma conturbada disputa pelo comando e agora tem um (ex) integrante envolvido em um crime bárbaro. A imagem do partido já está afetada e a opinião pública - o eleitor - pode cobrar caro. Lembremos que as eleições municipais do segundo semestre serão fundamentais para os próximos anos no cenário nacional.

O caso Marielle é emblemático. A sensação de impunidade que o Brasil viveu nos últimos anos pode ser revisada a partir de agora. Resta saber se as autoridades serão realmente rigorosas com os envolvidos.

Por fim, a Polícia Federal agiu de maneira competente (e cautelosa) no processo de investigação. Deseja-se evitar uma nova Lava Jato, onde os métodos de ação acabaram por jogar todo o trabalho por terra. Até aqui, estão indo bem.

André Pereira César

Cientista Político

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