O cenário eleitoral mostra hoje o favoritismo do ex-presidente Lula (PT) na disputa sucessória. A mais recente pesquisa do Ipec (ex-Ibope), divulgada na noite de segunda-feira, 26 de setembro, confirma a boa vantagem do petista sobre seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Faltando poucos dias para o pleito, a conclusão em primeiro turno não está descartada.
Aos números. Lula oscilou positivamente em um ponto percentual e agora aparece com 48% das intenções de voto, contra 31% do titular do Planalto - mesmo índice do levantamento anterior. Em votos válidos, o petista tem 52% e Bolsonaro, 34%.
O segundo turno reforça ainda mais o favoritismo do candidato do PT. Ele teria hoje 54% a 35%.
Chama a atenção o desempenho pífio dos demais candidatos, que seguem patinando. Ciro Gomes (PDT) recuou um ponto e agora tem 6%, colado com Simone Tebet (MDB), com 5%. O neopedetista perdeu o rumo e sofrerá um grande revés político caso perca a terceira posição para a senadora emedebista.
O bom momento de Lula é explicado, em parte, pela materialização do chamado voto útil. Detalhes que fazem a diferença. O eleitor médio, não alinhado ao petismo, parece disposto a barrar a candidatura de Bolsonaro, em função da radicalização do discurso dos aliados e apoiadores do presidente. Os crescentes episódios de violência entram nesse balaio.
Pior, a rejeição ao titular do Planalto segue em alta e elevada, de 51%. Teto baixo que dificulta ainda mais a pretensões reeleitorais. Já a rejeição a Lula está em 35%.
Apesar das ameaças e eventos mais dramáticos, o processo eleitoral segue seu curso. Uma prova disso é a presença de dezenas de observadores internacionais que acompanharão a sucessão presidencial, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A preocupação global com o futuro da democracia no Brasil está à mesa.
Enfim, alguns pontos merecem observação. Caso a vitória de Lula seja confirmada já em 2 de outubro, como será a reação do presidente e seus apoiadores? A transição pode ser mais complicada, com dificuldades adicionais para o novo governo. Já ao PT e demais partidos da coligação cabe trabalhar para evitar o clima de “já ganhou”. A necessidade de um segundo turno pode frustar a militância, impactando a campanha. Como se sabe, a segunda rodada eleitoral é um outro jogo.
André Pereira César
Cientista Político
