Eleições 2022: As viagens de Bolsonaro e as últimas pesquisas* - Política - Hold

Eleições 2022: As viagens de Bolsonaro e as últimas pesquisas*

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi à Inglaterra para o funeral da Rainha Elizabeth II. Depois, seguiu viagem para participar da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York. No entanto, o que era para ser uma viagem representando o Estado brasileiro, acabou virando tão somente um evento de campanha.

Em Londres, inflamado por um pequeno número de apoiadores que se concentraram em frente a Embaixada do Brasil, o titular do Planalto fez da sacada do edifício um palanque e discursou para o seu público mais fiel. Ainda em Londres, concedeu entrevista a um canal de televisão brasileira, onde mais uma vez atacou o Tribunal Superior Eleitoral e colocou o resultado das eleições em suspeita quando afirmou que “que, se não vencer a eleição de 2022 no primeiro turno com mais de 60% dos votos, algo de anormal terá acontecido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.

O ato em si – de explícita campanha – não teria chamado tanta atenção dos londrinos, não fosse o fato de que o Reino Unido estava em luto. O desrespeito ao solene momento vivido pelo país acabou se sobrepondo ao seu discurso eleitoral. Jornais londrinos teceram duras críticas à falta de respeito do mandatário brasileiro ao luto de uma nação.

Na ONU, no tradicional discurso brasileiro de abertura da Assembleia, o presidente Bolsonaro aproveitou o momento, mais uma vez, para falar aos seus. Em seu pronunciamento, citou ações de seu governo, como a exemplar e eficiente atuação no combate à pandemia do coronavírus, que a inflação está sob controle, com desemprego em baixa e com a redução da pobreza e que o seu governo atua em prol das mulheres. Atacou adversários políticos, a imprensa e defendeu a pauta conservadora. Encerrou a sua participação com o lema do movimento integralista “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, que tem conhecida inspiração no fascismo de Benito Mussolini.

Após o seu discurso no Plenário da ONU, foi à uma churrascaria, onde encontrou apoiadores. Numa breve fala, afirmou que, se não ganhar as eleições, entregará o Brasil de tanque vazio. Aqui, um sinal de alerta foi acionado entre lideranças políticas e empresariais.

No frigir dos ovos, a intenção do presidente e de seu staff eleitoral era utilizar as imagens desses dois eventos em sua campanha eleitoral. O objetivo era o de passar, aos eleitores em especial os indecisos, a imagem de um líder inserido na política internacional, um verdadeiro estadista.

No entanto, os seus adversários na campanha eleitoral acionaram o TSE, que acabou deferindo os pedidos para proibir a utilização das imagens desses dois eventos em sua propaganda eleitoral.

No final das contas, a tentativa não serviu para os fins a que se esperava e o efeito acabou sendo mais negativo do que positivo. Tanto que as mais recentes pesquisas eleitorais acabaram refletindo esse errático movimento eleitoral de Bolsonaro.

Todas as pesquisas divulgadas nessa semana (19 a 23 de setembro), trouxeram mais boas notícias ao candidato Lula (PT) do que ao presidente Bolsonaro. A FSB/BTG Pactual deu 44% Lula a 35% Bolsonaro. A Ipec deu 47% Lula contra 31% Bolsonaro. Na Genial Quaest 47% Lula e 34% Bolsonaro. Por fim, a pesquisa DataFolha apontou 47% Lula e 33% para Bolsonaro.

Os números refletem alguns movimentos que necessitam ser explorados. O primeiro deles foi a declaração pública de voto de artistas, influencers e importantes políticos à candidatura do ex-presidente Lula. Em segundo, a busca, pelo comitê de campanha do candidato do PT pelo voto útil, visando uma vitória já no primeiro turno das eleições presidenciais. Terceiro, o efeito nulo dessas viagens de Bolsonaro a Londres e a Nova York sobre o eleitorado.

Faltando pouco mais de uma semana para o primeiro turno das eleições, se quiser ir para um segundo turno, a candidatura Bolsonaro precisa fazer mais do que tirar um coelho da cartola. Os mecanismos institucionais (auxílios e orçamento secreto) não foram capazes de alterar o atual quadro, e uma vitória de Lula no primeiro turno não está tão distante.

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

Colaboração: André Pereira César – Cientista Político

*Tema da live do dia 22 de setembro de 2022, disponível no nosso canal no Youtube

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