Depois do Carnaval - Política - Hold

Depois do Carnaval

Passados os festejos de Momo, deputados e senadores, e também o Executivo e o Judiciário, preparam o retorno efetivo aos trabalhos em Brasília. A partir da próxima semana, uma extensa e complexa agenda estará à espera de apreciação. Muito há a ser feito.

De volta da viagem ao Egito e à Etiópia, onde foram assinados acordos bilaterais nas áreas de bioenergia, ciência, tecnologia e inovação, o presidente Lula (PT) tentará retomar as conversas que têm como objetivo distensionar o ambiente político, em especial com o Congresso Nacional. Os primeiros passos nesse sentido já foram dados.

Na sexta-feira, 10 de fevereiro, véspera de Carnaval, o titular do Planalto se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), que nos últimos tempos entrou em rota de colisão com o governo. Aparentemente, a conversa teve saldo positivo. Trata-se de uma espécie de “cessar fogo”, frágil por natureza, que pode ser rompido a qualquer momento. Mas foi um importante passo dado.

O entorno de Lula acredita que o “jogo foi zerado” com Lira. No entanto, há muitos pontos em aberto. O veto ao dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que estabelecia um calendário para pagamento de emendas parlamentares, o corte de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão e a MP da reoneração estão aí para falar. Não é pouco.

Ainda sobre Lula, cabe ressaltar sua colocação sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Não se trata aqui de defender o grupo terrorista - pelo contrário, o ocorrido em outubro do ano passado foi um ato bárbaro -, mas sim de colocar o “dedo na ferida”. O governo de Netanyahu age de maneira igualmente bárbara e a questão precisa ser discutida a fundo. Ademais, a repercussão à fala de Lula só está sendo explorada de forma negativa pela imprensa tupiniquim e por políticos de extrema direita. Importantes lideranças mundiais e a grande imprensa internacional nem sequer se deram ao trabalho. Em geral, notas de rodapé. Nesse caso bem específico, o silêncio significa alguma coisa.

Também o evento das fugas no presídio de Mossoró (RN) será objeto de debates entre os parlamentares. A questão é séria, mas talvez esteja sendo exagerada pela mídia, que tenta transformar uma fuga de presos em crise de governo.

Por fim, a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o ato na Avenida Paulista no sábado, 25 de fevereiro, requer atenção. A rigor, trata-se de um desafio ao Estado Democrático de Direito, que pode ter consequências importantes para o país. A conferir.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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