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A força global da extrema-direita

Apesar de apertada, a vitória da centro-direita nas eleições legislativas de Portugal, no último domingo, acende novamente um sinal de alerta no mundo político. Igualmente a extrema-direita local registrou significativo resultado, mostrando que o movimento segue vivo.

Aos fatos. No pleito português, a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, conseguiu 79 cadeiras, 29,49% dos votos. Em seguida aparece o Partido Socialista, com 77 assentos e 28,66% dos votos.

Aqui chama a atenção o ultradireitista Chega, que recebeu 18,06% do apoio popular e conquistou 48 cadeiras. Antes, detinha apenas 9 assentos. Desempenho nada desprezível, com impacto direto sobre a cena local - e, indo além, continental.

A composição do novo gabinete pode ser uma união da centro-direita com o grupo mais radical. Caso isso se confirme, toda uma nova configuração política entrará em campo. Tempos distintos do que a população portuguesa vive até hoje, com o Partido Socialista no comando.

Tudo isso inevitavelmente aumenta as expectativas quanto a outras eleições previstas para os próximos meses, em especial a norte-americana, onde o ex-presidente Donald Trump avança junto ao eleitorado. Em um mundo que já convive com ultradireitistas como o argentino Javier Milei, o húngaro Viktor Orbán e a italiana Giorgia Meloni, seria mais um forte retrocesso.

Sinal vermelho para a eleição para o Parlamento Europeu, que ocorre em junho. O movimento ultraconservador, pela primeira vez, de acordo com as pesquisas mais recentes de opinião, apontam que a extrema direita europeia lidera as intenções de voto ou apresenta resultados expressivos em algumas das maiores economias do bloco, em especial na França, Alemanha, Itália, Espanha e Holanda.

O Brasil também pode viver uma nova onda de direita e ultradireita no pleito municipal de outubro. Pré-candidatos de diferentes partidos de corte direitista e especialmente os de extrema-direita, se movimentam por todo o país nos caminhos pavimentados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de não ser um movimento tão orgânico ou unificado, há muita comunicação entre eles. O resultado final pode ser surpreendente para os mais desavisados.

Exemplo disso são os números da nova pesquisa do DataFolha, divulgada hoje. Pelo levantamento, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), tem 29% das intenções de voto, contra 30% de Guilherme Boulos (PSOL). Nunes, lembremos, negocia sua vice com a direita mais radical.

Por fim, fica a questão. Referência máxima da ultradireita no Brasil, Jair Bolsonaro foi apenas o retrato de uma vaga lembrança que já passou ou representa de fato uma verdadeira liderança política? A resposta será conhecida em breve.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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