Pesquisa eleitoral: o que explica a diferença com o resultado das eleições? - Hold na Mídia - Hold

Pesquisa eleitoral: o que explica a diferença com o resultado das eleições?

Indecisos e migração de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB) para o presidente Jair Bolsonaro (PL). Essas duas variáveis são as hipóteses apontadas por institutos de pesquisas eleitorais para explicar a diferença entre o que as sondagens indicavam e o resultado das urnas. Há um ainda um terceiro elemento, menos determinante, mas também com algum grau de impacto: a falta de um Censo atualizado.

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Maurício Moura, fundador do IDEIA, avalia que muitos eleitores decidiram pelo voto de última hora, o que é comum no histórico das eleições, principalmente para cargos do Legislativo. Ele ainda pondera que houve o chamado "voto envergonhado" de pessoas que já tinham definido votar em Bolsonaro, por exemplo, mas que nas pesquisas se diziam indecisas. Na visão do especialista, muito eleitores usaram o primeiro turno como segundo, antecipando a mudança de voto.

“Vamos ter que trabalhar muito para capturar essa migração de votos de Ciro e de Tebet para o presidente Bolsonaro, e até mesmo potencialmente um voto envergonhado, com aqueles entrevistados que se diziam indecisos na pergunta espontânea, fazendo com que a diferença final do atual presidente para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse de cinco pontos no resultado das urnas, um saldo menor do que o projetado”, diz.

Para a intenção de voto presidencial, não foi a primeira vez que um sentimento antipetista não foi capturado pelas pesquisas. Maurício Moura lembra que em todos os quatro pleitos anteriores em que o PT venceu, houve um crescimento do candidato oponente poucos dias antes da eleição, e que não apareceu nas sondagens.

A última pesquisa EXAME/IDEIA para presidente antes da eleição, divulgada no dia 29 de setembro, mostrava que 18% dos eleitores ainda não tinham definido o seu voto em uma pergunta espontânea, sem uma lista prévia. Vale lembrar, que no Brasil a votação é de forma espontânea.

Outro número da mesma sondagem EXAME/IDEIA revelou que 12% dos eleitores diziam que podiam mudar de voto para presidente. Na pergunta espontânea, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha 39% das intenções de voto, Jair Bolsonaro (PL), 33%, seguido de Ciro Gomes (4%), e de Simone Tebet (1%).

Desconsiderando votos brancos e nulos - é desta forma que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) calcula os votos válidos - Lula estava com 49%, Bolsonaro com 38%, Ciro tinha 7%, e Tebet, 5%. A margem de erro da pesquisa era de três pontos para mais ou para menos. No resultados das urnas, o petista teve 48% dos votos válidos, e Bolsonaro, 43%. Logo depois veio Tebet, com 4%, e Ciro com 3%.

Em nota, o Ipec avaliou que havia uma tendência de indecisos definirem o voto por Bolsonaro, e uma mudança de voto de Ciro e de Tebet para o presidente. "As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá", diz o instituto.

Também em nota, o Datafolha, assim como o IDEIA e o Ipec, endossou essa hipótese de um voto útil para o presidente Bolsonaro, sobretudo por um medo de eleitores de que o pleito fosse definido no primeiro turno. Para o instituto, essa tendência ocorreu muito próximo da eleição e não conseguiu ser capturada pelas pesquisas.

Se nas sondagens nacionais houve uma diferença acima da margem de erro das pesquisas para o presidente Bolsonaro, no nível estadual o quadro ficou ainda mais distorcido. Nesse contexto, os institutos avaliam que os indecisos, aliado a um sentido antipetista, levaram a mudanças de última hora.

Para o governo de São Paulo, em uma pergunta espontânea, 41% dos eleitores diziam não saber qual número apertar no dia da eleição para o cargo de governador. O resultado foi Tarcísio de Freitas (Republicanos) indo ao segundo turno em primeiro lugar, com 42% dos votos, e Fernando Haddad (PT), com 35%. Nas pesquisas, o petista liderava as intenções de voto.

Para o Senado em São Paulo, os indecisos chegaram a 47% e isso se refletiu no resultado das urnas. Na pesquisa, Márcio França (PSB) apareceu com 14% das intenções de voto, e Marcos Pontes, 7%, em questão espontânea. Em uma pergunta estimulada, o ex-governador tinha 32%, e o ex-ministro, 18%. Pontes saiu vencedor, com 49% dos votos válidos.

Outro dado que ajuda mostrar como o eleitor estava indefinido quanto ao voto para o Senado em São Paulo é o volume de buscas pelos nomes dos candidatos. A ferramenta Trends do Google mostra que no dia 1ª de outubro houve o primeiro pico de buscas por Márcio França e Marcos Pontes, sendo a do senador eleito muito superior ao do pessebista. O mesmo ocorreu no dia da votação.

"Tivemos muito desengajamento eleitoral a nível estadual, para governador e para senador. A taxa de indecisos foi recorde e isso refletiu em resultados, entre aspas, surpreendentes. Na véspera da eleição, 41% dos paulistas não sabiam para quem votar para o governo do estado, na espontânea, o que beneficiou os candidatos com o perfil do presidente Bolsonaro", diz Maurício Moura, do IDEIA.

Para o governo de São Paulo, em uma pergunta espontânea, 41% dos eleitores diziam não saber qual número apertar no dia da eleição para o cargo de governador. O resultado foi Tarcísio de Freitas (Republicanos) indo ao segundo turno em primeiro lugar, com 42% dos votos, e Fernando Haddad (PT), com 35%. Nas pesquisas, o petista liderava as intenções de voto.

Para o Senado em São Paulo, os indecisos chegaram a 47% e isso se refletiu no resultado das urnas. Na pesquisa, Márcio França (PSB) apareceu com 14% das intenções de voto, e Marcos Pontes, 7%, em questão espontânea. Em uma pergunta estimulada, o ex-governador tinha 32%, e o ex-ministro, 18%. Pontes saiu vencedor, com 49% dos votos válidos.

Outro dado que ajuda mostrar como o eleitor estava indefinido quanto ao voto para o Senado em São Paulo é o volume de buscas pelos nomes dos candidatos. A ferramenta Trends do Google mostra que no dia 1ª de outubro houve o primeiro pico de buscas por Márcio França e Marcos Pontes, sendo a do senador eleito muito superior ao do pessebista. O mesmo ocorreu no dia da votação.

"Tivemos muito desengajamento eleitoral a nível estadual, para governador e para senador. A taxa de indecisos foi recorde e isso refletiu em resultados, entre aspas, surpreendentes. Na véspera da eleição, 41% dos paulistas não sabiam para quem votar para o governo do estado, na espontânea, o que beneficiou os candidatos com o perfil do presidente Bolsonaro", diz Maurício Moura, do IDEIA.

Fonte: https://exame.com/brasil/pesquisa-eleitoral-o-que-explica-a-diferenca-com-o-resultado-das-eleicoes/amp/

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