E agora, Lula? - Diário da Transição - Hold

E agora, Lula?

Foi bonita a festa, pá, sem dúvida. Em um evento carregado de simbolismo, o presidente Lula (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) subiram a rampa acompanhados de representantes do povo brasileiro - até o cacique Raoni marcou presença. Agora, mãos à obra. Não há tempo a perder.

Problemas não faltam. A própria montagem do governo revelou-se um grande desafio para o petista. Acomodar aliados não é fácil e, inevitavelmente, há muito ressentimento. Coisas da política.

De saída, a economia já se fez presente. A sinalização de uma gestão mais intervencionista e a falta de detalhes de como será a condução do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está incomodando o mercado. No primeiro dia da nova administração o dólar fechou em alta e a bolsa caiu. Não há lua de mel.

A questão dos combustíveis também gera incômodos. No momento há uma queda de braço dentro do governo, com uma ala defendendo a desoneração da gasolina e do etanol por no mínimo seis meses, enquanto outro grupo quer limitar a medida a dois meses. Haddad está sob forte pressão.

O IBGE, por seu lado, está sem comando. O órgão, responsável pelo censo, está sem presidente desde o início de dezembro.

Outra zona cinzenta diz respeito ao saneamento. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) está agora vinculada a dois ministérios, do Meio Ambiente e das Cidades. Empresários do setor temem que o governo Lula revise o marco legal recentemente aprovado pelo Congresso Nacional. O deputado Guilherme Boulos (PSOL/SP) é um dos condutores desse processo.

Enfim, há muito a se fazer, nas mais diversas frentes. A margem de erro é mínima e Lula sabe que será cobrado dia após dia. O novo governo corre o risco de envelhecer muito cedo. O presidente e sua equipe deverão lutar contra essa amarga realidade.

André Pereira César
Cientista Político

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