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Diário da transição: perto da conclusão 

Sábado, 10, e domingo, 11 de dezembro. Os grupos temáticos da transição do futuro governo entregaram os relatórios finais, que serão agora objeto de sistematização em um relatório geral, já em elaboração. O coordenador-geral dos trabalhos, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), e técnicos que o acompanham, receberam o material. Um passo importante foi dado.

Em linhas gerais, cada relatório contém ao menos dez pontos de alertas, organograma, orçamento, itens a serem revogados, estrutura da área e prévia para os (simbólicos) cem primeiros dias de gestão. Dada a complexidade do trabalho, torna-se inevitável perguntar – o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) agiu com transparência e entregou todas as informações solicitadas? Os envolvidos na elaboração dos relatórios pela equipe de transição tiveram tempo hábil para concluir a análise dos dados de cada setor, ou o material entregue está incompleto? A conferir.

Algumas indefinições já são conhecidas. Por exemplo, onde a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) será alocada - Cultura, Comunicações e presidência da República estão na disputa. Outras questões em aberto, porém, não são do conhecimento público.

Outra questão importante é o embate dentro dos grupos de trabalho. A senadora Simone Tebet (MDB/MS), peça fundamental para a vitória de Lula (PT) no segundo turno da disputa sucessória, decidiu não participar das reuniões presenciais da equipe que integrava, a de Desenvolvimento Social. O motivo alegado pela parlamentar faz todo sentido - muitos estavam se utilizando dos trabalhos no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para aparecer nas mídias, sem muito de efetivo a apresentar. Trampolim, em suma.

Com mais de 900 integrantes (a grande maioria de voluntários, diga-se), ficou claro que o processo de transição não é realizado de maneira tranquila. Ao contrário, divergências vieram à tona desde o início das discussões, mostrando a realidade dos fatos. Campanha é campanha, transição é transição e, mais importante, governo é governo.

Para encerrar, duas observações. Em primeiro lugar, foi relevante, no plano político, a entrega dos relatórios antes da diplomação do governo eleito, prevista para essa segunda-feira, 12 de dezembro. Para o eleitorado, fica a imagem de organização dos trabalhos.

O segundo ponto é mais importante. Fica claro, mais e mais, que a construção do chamado governo de frente ampla não será fácil. As disputas entre diferentes grupos, que representam distintas visões de Brasil e de mundo, tendem a se acentuar a partir de agora. O desafio está posto.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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