As eleições na capital pernambucana não devem apresentar surpresas. O prefeito é o franco favorito e, até o momento, não tem adversários de peso - são todos figurantes. Nem mesmo o bolsonarismo consegue fazer frente à atual administração.
Candidato à reeleição, o prefeito João Campos (PSB) tem 80% de aprovação em sua gestão. Jovem (30 anos), engenheiro civil e ex-deputado federal, ele é herdeiro do clã Arraes - bisneto de Miguel Arraes e filho de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014. Em 2016, Campos assumiu o cargo de chefe de gabinete do governo de Pernambuco, durante o mandato de Paulo Câmara (PSB). Em 2018, disputou um pleito pela primeira vez e foi eleito deputado federal, sendo o mais votado do estado. O vice é Victor Marques (PCdoB).
Produtor rural, músico, ex-presidente da Embratur e ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL) é o representante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa. Figura folclórica, ficou nacionalmente conhecido como o “sanfoneiro do presidente”. Em 2022, tentou uma vaga no Senado Federal, sem sucesso. A chapa é puro sangue, com Leninha Dias de vice.
Administrador de empresas e ex-deputado federal, Daniel Coelho é o candidato do PSD. Ambientalista, foi secretário estadual de Turismo e Lazer quando pertencia ao PSDB. Aliás, a vice na chapa, Mariana Melo, pertence a seu antigo partido.
Pesquisa do DataFolha divulgada em 5 de setembro mostra Campos com 74% das intenções de voto, seguido por Gilson Machado, com 9%, e Daniel Coelho (5%).
No caso de Recife - e de Pernambuco como um todo - a força do grupo político de Miguel Arraes mais uma vez mostra-se presente. Não pode se falar aqui de esquerda, mas sim de algo clânico. O nome, aliado à percepção da população de uma boa administração, ajudam a compreender essa impressionante vantagem.
Antes desafeto do PT, João Campos, namorado da deputada Tábata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, deverá ser reeleito no primeiro turno.
André Pereira César
Cientista Político
