As eleições na capital de Goiás deverão ter, em tese, cinco candidatos competitivos. Espera-se, em especial, um embate entre quatro forças políticas de peso - o União Brasil do governador Ronaldo Caiado, postulante ao Planalto em 2026; o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro; o PT do presidente Lula; e o PSD de Gilberto Kassab. A disputa será pesada.
O União Brasil terá o empresário, pecuarista e ex-deputado federal Sandro Mabel. Em janeiro de 2019, Mabel assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG). Em 2020, tornou-se presidente do Conselho de Mineração da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Quando ocupou vaga na Câmara dos Deputados, notabilizou-se pelo bom relacionamento com os colegas - nas sessões mais longas, que entravam pela noite, ele distribuía lanches e biscoitos de sua fábrica para os parlamentares e assessores.
Já o PL lança o empresário, comunicador e deputado estadual Fred Rodrigues. Jovem (39 anos) é uma aposta do partido na “renovação da política”, seja lá o que isso signifique. Dada a força do bolsonarismo na região, pode ter um bom desempenho no pleito.
Os petistas serão representados pela ex-delegada da Polícia Civil e deputada federal Adriana Accorsi. Ela foi delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e chegou a ser delegada-geral da Polícia Civil do estado. Ao lançar seu nome - será sua terceira tentativa -, o PT tenta atingir uma fatia do eleitorado que, a princípio, não é simpática ao partido.
Outro candidato que tentará pela terceira vez conquistar a prefeitura de Goiânia é o empresário do setor de produtos alimentícios e higiene e senador Vanderlan Cardoso (PSD). Ele tem se destacado na Câmara Alta em especial pela atuação na Comissão de Assuntos Econômicos, uma das mais poderosas da Casa. O parlamentar-candidato é das principais apostas de Gilberto Kassab nas eleições desse ano.
Correndo por fora, o PSDB será representado pelo jornalista, empresário e presidente municipal da legenda Matheus Ribeiro. Bastante jovem (apenas 31 anos), disputou a eleição para deputado federal e tornou-se o primeiro suplente do PSDB na Câmara dos Deputados. Há quem considere seu nome uma espécie de “tábua de salvação” dos tucanos na região.
Pesquisa do instituto Serpes divulgada na segunda quinzena de julho mostra empate técnico entre o senador Cardoso (20%) e Accorsi (19%), seguidos por Sandro Mabel (15%) e Fred Rodrigues (7%). Novos levantamentos que serão realizados com o quadro já consolidado serão divulgados a qualquer momento.
Interessante observar que as eleições da capital goiana colocaram em lados opostos Ronaldo Caiado e Jair Bolsonaro, dois aliados muito próximos e que andaram de mãos dadas desde os idos de 2019. Uma derrota de Caiado talvez esfrie as suas pretensões à cadeira do Planalto e colocará em xeque essa dobradinha num dos estados que mais deu votos a Bolsonaro nas eleições presidenciais que disputou.
Por isso, pode-se afirmar que a eleição em Goiânia será a mais acirrada dos últimos tempos. O grupo vencedor ocupará espaço importante na cena política regional e também nacional, com influência inclusive sobre a sucessão presidencial de 2026.
André Pereira César
Cientista Político
