A exemplo de Goiânia, as eleições na capital sul-mato-grossense serão acirradas, com quatro candidatos competitivos oriundos de diferentes forças políticas. Ressalte-se que acabou por rachar de vez o bloco que marchou junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Campo Grande acomoda grande parte do bolsonarismo sul-mato-grossense, em boa parte no PP, sob a liderança da ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina. Ela é a principal fiadora da candidatura à reeleição de Adriane Lopes (PP) e tentou, até o último instante, fazer cumprir um acordo fechado com Bolsonaro, mas que acabou não se concretizando. A mudança no posicionamento ocorreu após negociações entre o ex-governador do estado Reinaldo Azambuja (PSDB), e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
Mesmo sem o apoio oficial do bolsonarismo, o PP seguiu no lançamento da candidatura da bacharel em Direito, teóloga e administradora Adriane Lopes. Conservadora e evangélica, desenvolveu diversos projetos sociais, em especial quando trabalhou na Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Atual prefeita da cidade, assumiu o posto após a renúncia do então titular, Marquinhos Trad (PSD). Camila Nascimento (Avante) será a vice.
O bacharel em Direito e deputado federal Beto Pereira será o candidato do PSDB e conta com o apoio oficial do PL e de Bolsonaro, tanto que indicaram a “Coronel Neidy” (PL) para compor a chapa. Pereira foi presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Municípios (Assomasul) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Presidente do diretório municipal tucano, é terceiro suplente da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. É especialista em questões relativas a combustíveis e energia.
A cientista social e deputada federal Camila Jara representará o PT na disputa. Mais jovem representante de seu partido na Câmara dos Deputados e mais jovem parlamentar da história do Mato Grosso do Sul, sempre militou em movimentos estudantis e em defesa da mulher. Vice-líder da legenda em Brasília. Chapa “puro sangue”, com o ex-governador Zeca do PT na condição de escudeiro.
O União Brasil, por seu turno, terá no comando de chapa a gestora, historiadora, professora, ex-vice-governadora e ex-deputada federal Rose Modesto. Política experiente, ocupou cargo na Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). O vice será Roberto Oshiro, também do União Brasil. Outra composição de legenda pura.
No final de julho, o instituto Quaest divulgou pesquisa de intenção de voto. Rose Modesto lidera com 34% das citações, seguida por Beto Pereira e Adriane Lopes, ambos com 15%. A petista Camila Jara aparece com 6%.
Considerado um potencial favorito na disputa, o ex-governador André Puccinelli (MDB) desistiu alegando falta de apoio - situação similar a de Beto Richa (PSDB) no Paraná. Troca de guarda nas elites estaduais?
Outro elemento importante a ser observado na cena de Mato Grosso do Sul diz respeito ao peso político das mulheres. Além de três candidatas fortes na capital, outras três “estrelas” se destacam - a já citada ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina, a também senadora Soraya Thronicke (Podemos), que disputou a presidência da República em 2022, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que tentou o Planalto no mesmo ano.
O Mato Grosso do Sul tornou-se, nos últimos tempos, um estado com importante presença na cena política nacional e o resultado do pleito na capital terá impacto que irá além da região Centro-Oeste. Assim como Goiânia e demais capitais com forte presença e influência bolsonarista, o laboratório Campo Grande servirá para possíveis correções de rotas com rumo a 2026.
André Pereira César
Cientista Político


