A exemplo de São Paulo, as eleições na capital mineira apresentam vários candidatos com potencial competitivo. Por outro lado, o embate entre lulismo e bolsonarismo deverá ser menos acentuado, apesar de ambos os lados terem lançado candidaturas próprias. Assim como observado em outras importantes capitais, também em Belo Horizonte o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em projeto próprio de poder, optou por apoiar candidatura diferente daquela de seus correligionários mais fieis.
O economista, escritor e atual prefeito Fuad Noman (PSD) tenta a reeleição. Assumiu o posto após a renúncia do então titular, Alexandre Kalil. Experiente na burocracia - foi secretário-executivo da Casa Civil no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e consultor do FMI -, foi funcionário de carreira do Banco Central e comandou a secretaria municipal de Fazenda no primeiro mandato de Kalil. Tem ascendência síria. É conselheiro do time de futebol masculino Atlético Mineiro, e conta com o firme apoio de Gilberto Kassab (PSD). Recentemente, anunciou estar com câncer. O vice é o vereador Álvaro Damião (União Brasil).
O jornalista, ex-apresentador e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) é um nome forte na disputa. Natural de Poços de Caldas (MG), cedo começou a trabalhar na capital. Em 2018, foi o deputado estadual mais votado em Minas Gerais e o segundo do país, perdendo apenas para Janaína Paschoal em São Paulo. Homem de rádio e televisão, tem bom desempenho em debates. Conta com o apoio do governador Romeu Zema (Novo) e do ex-prefeito Alexandre Kalil. Sua vice é Luísa Barreto (Novo).
Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado estadual Bruno Engler (PL) é o principal nome da direita na disputa. Coordenador do Movimento Direita Minas, dedicado à retomada cultural e à promoção dos valores conservadores em Minas Gerais, anos atrás ele envolveu-se em polêmica com o youtuber Felipe Neto, com a divulgação de supostas falas deste último. Será a segunda vez que disputará a prefeitura da capital e sua vice é a Coronel Cláudia Romualdo, também do PL.
O jornalista e senador Carlos Viana (Podemos) é outro candidato à prefeitura. Ainda jovem, foi o representante de uma empresa alemã no estado. Trabalhou ainda na TV Globo Minas, na TV Alterosa e na TV Bahia. À sua revelia, a vice é Renata Rosa (Podemos) - ele defendia a indicação de Kika da Serra, do mesmo partido.
Apoiado (sem muito empenho, diga-se) pelo presidente Lula (PT), o professor e deputado federal Rogério Correia é o candidato petista no pleito. Ficou nacionalmente conhecido em 2019, após a tragédia de Brumadinho, quando propôs a desativação de todas as barragens construídas com o método de alteamento a montante no Brasil. A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) é a vice.
Por fim, a professora, gestora pública, ativista ambiental e deputada federal Duda Salabert é a candidata do PDT. Em 2018 se notabilizou ao ter se tornado a primeira pessoa transgênero a se candidatar a uma vaga no Senado Federal. Foi filiada ao PSOL e deixou a legenda acusando suas lideranças de “transfobia estrutural”. Um dos fiadores de seu ingresso no PDT, o ex-governador cearense Ciro Gomes recentemente fez duras críticas à parlamentar. O candidato a vice é Francisco Foureax, também do PDT.
Pesquisa do Real Time Big Data divulgada na segunda-feira, 19 de agosto, mostra Tramonte com 31% das intenções de votos, seguido por Engler (15%) e Salabert (14%). Depois aparecem Fuad com 8%, Viana com 7% e Correia com 6%.
Como se vê, a capital mineira assistirá à uma das mais acirradas disputas do país. Vários candidatos com plenas condições de vitória representando partidos de todo o espectro político-ideológico e lideranças locais e nacionais com todo o suporte, dão o tom de incerteza ao pleito.
Em terras de Rodrigo Pacheco, 2026 está bem ali.
André Pereira César
Cientista Político


