Fiel à sua tradição, o MDB teve um bom desempenho no primeiro turno das eleições municipais desse ano. Ficou atrás do PSD de Gilberto Kassab, mas mostrou que a legenda mantém a condição de peça fundamental na cena política nacional.
Ao contrário do PSD, que tem em Kassab a grande liderança, o MDB é um partido com múltiplos nomes no comando, de norte a sul do país. Essa é uma realidade anotada desde a gênese da legenda, nos longínquos anos setenta do século passado, e que se mantém até hoje sob o comando do atual presidente, o deputado federal Baleia Rossi (SP). Um fato que não se altera.
Aos números de agora. O MDB ficou em segundo lugar no número de prefeitos eleitos, 847, atrás apenas do PSD. Já quanto ao total de vereadores, sucesso absoluto - 8.114, muito à frente do segundo colocado, o PP, que conquistou 6.953 cadeiras pelo país. Os emedebistas, de fato, têm o que comemorar.
Mas o que é o MDB? O partido representou o contraponto ao regime militar e, em sua gênese, agregou distintos grupos que se opunham à ditadura. Esse quadro se mantém até hoje, com a legenda apresentando lideranças de todo tipo, muitas vezes inclusive adversárias entre si. Uma verdadeira “Iugoslávia” no sistema partidário brasileiro.
Lideranças? Elas são muitas, de norte a sul, o que reforça a percepção de capilaridade do partido. Para citar alguns, comanda três ministérios com Simone Tebet (MS) no Planejamento, Renan Filho (AL) nos Transportes e Jader Filho (PA) à frente das Cidades. Além disso, são três governadores - Helder Barbalho (PA), Ibaneis Rocha (DF) e Paulo Dantas (AL). No Senado Federal, entre outros, temos Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Jader Barbalho (PA). Deputados federais, Baleia Rossi, Eunício Oliveira (CE) e Roseana Sarney (MA) são alguns dos expoentes. Quadros não faltam.
Mais ainda, o MDB é um partido que transita da esquerda à direita, à exceção do governo Collor, participou de todos os governos desde a gestão de José Sarney, passando pelas administrações de Fernando Henrique Cardoso, pelo PT de Lula e Dilma e chegando a Bolsonaro, sem falar no governo de Michel Temer. Isso se reflete no eterno bom desempenho da legenda nas eleições municipais - capilaridade e municipalidade são a tônica, algo que jamais se altera.
Hoje, o partido aposta suas fichas em São Paulo, com Ricardo Nunes disputando a reeleição. Caso conquiste novamente a chamada “jóia da Coroa”, o MDB ganhará ainda mais força na cena política nacional e certamente falará mais alto em Brasília, em especial na eleição das mesas da Câmara e do Senado.
Por fim, o MDB mantém a tradição e segue (seguirá) como uma peça chave no debate político brasileiro. Para além de tendências de toda ordem, o centro segue representado como ninguém pelos emedebistas.
André Pereira César
Cientista Político