A reta final da campanha em dez capitais - Eleições Municipais - Hold Assessoria

A reta final da campanha em dez capitais

A campanha em primeiro turno das eleições municipais chega ao fim com algumas disputas praticamente resolvidas, enquanto há incerteza em alguns locais. Abaixo, um apanhado geral em dez capitais.

São Paulo - indefinição é a palavra chave na disputa sucessória da capital paulista. Os três primeiros colocados nas pesquisas - Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) - têm plenas condições de chegar ao segundo turno. Mesmo um embate no campo da ultradireita no turno suplementar, entre Nunes e Marçal, não pode ser descartado. Isso explica o empenho limitado do presidente Lula (PT) no apoio ao candidato do PSOL. Uma eventual derrota de seu candidato geraria um desgaste na imagem do titular do Planalto.

Rio de Janeiro - o atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), chega como favorito no final da disputa, mas o candidato de Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), ainda tem chance de levar o jogo para o segundo turno. Nesse caso, há risco para o candidato à reeleição, dado que o bolsonarismo transformaria a rodada suplementar em uma nova batalha, com resultados imprevisíveis.

Belo Horizonte - na capital mineira, a única certeza é que a disputa irá a segundo turno. Diferentes pesquisas têm apresentado números distintos, tornando o quadro geral absolutamente em aberto. A exemplo de São Paulo, três candidatos despontam na frente - o apresentador Mauro Tramonte (Republicanos), uma espécie de Datena local; o prefeito Fuad Noman (PSD), apoiado por Gilberto Kassab; e o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, Bruno Engler (PL).

Salvador - na capital baiana, é significativa a vantagem do atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil), na disputa. Com mais de 70% das intenções de voto e apoiado pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), ele caminha para uma recondução ao cargo sem sustos. Nem mesmo o PT, que governa o estado e tem na figura do vice-governador e aliado Geraldo Júnior (MDB) seu representante no pleito, consegue fazer frente. Jogo praticamente jogado.

Recife - novidade zero na capital pernambucana. Com mais de 70% das intenções de voto, o atual prefeito, João Campos (PSB), está virtualmente reeleito. Cabe ressaltar aqui que, apesar do apoio recebido do PT e do presidente Lula, ele não representa propriamente a centro-esquerda, mas sim o grupo político de sua família, Miguel Arraes e Eduardo Campos à frente.

Fortaleza - nada menos que quatro candidatos têm chances de ir ao segundo turno nas eleições da capital cearense. O candidato do presidente Lula, Evandro Leitão (PT); o representante do bolsonarismo, deputado federal André Fernandes (PL); Capitão Wagner (União Brasil); e o atual prefeito, apoiado pelo ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT), José Sarto (PDT). Não há um favorito absoluto na disputa.

Manaus - a capital do Amazonas representa mais um caso no qual o prefeito disputa a reeleição com chances de êxito. O atual chefe do Executivo municipal, David Almeida (Avante), lidera as pesquisas, seguido pelo deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil). Aliado de Bolsonaro, o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) aparece em terceiro. Ressalte-se aqui o pífio desempenho do candidato do presidente Lula, o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT), que aparece com apenas um dígito nos levantamentos.

Belém - apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), o deputado estadual Igor Normando (MDB) lidera com relativa folga a disputa na capital paraense. Mais atrás aparece o deputado federal bolsonarista Delegado Eder Mauro (PL). Chama a atenção o desempenho ruim do atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), com menos de um dígito nas pesquisas.

Curitiba - ligado ao governador Ratinho Júnior (PSD), o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) lidera as pesquisas de intenção de voto e pode se eleger já no primeiro turno. Ele é seguido de longe pelo ex-prefeito Luciano Ducci (PSB). Já a candidatura do ex-governador Roberto Requião, hoje no nanico Mobiliza, não empolgou e ele amarga uma posição no final do pelotão.

Porto Alegre - na capital gaúcha, mais um caso de prefeito bem avaliado que pode se reeleger no primeiro turno. Sebastião Melo (MDB) tem larga vantagem sobre a deputada federal Maria do Rosário (PT), experiente liderança de seu partido no estado. A pedetista Juliana Brizola segue em terceiro.

Lembrando que nessa quinta-feira, 3 de outubro, a Rede Globo realizará o último debate - eles ocorrerão em 58 municípios, inclusive nas 26 capitais.

Por fim, interessante observar que os únicos e declarados candidatos do presidente Lula (Boulos) e do ex-presidente Bolsonaro (Ramagem), correm o risco de não se eleger. Os outros postulantes contam com o apoio, mas, esses dois, em especial, foram os escolhidos para representar a força (ou não) política nas duas principais cidades brasileiras. Renovação de lideranças?

André Pereira César

Cientista Político

Comments are closed.