A capital cearense assiste a uma tríplice disputa no pleito desse ano. Além do lulismo e do bolsonarismo, o grupo político do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes, hoje no PDT, também está no jogo. Usualmente governada pela centro-esquerda, Fortaleza tem uma alternância de poder entre PT e PDT desde 2005. No campo da direita, por outro lado, há pulverização, com três candidatos competitivos.
O atual prefeito e médico José Sarto (PDT) tenta a reeleição. Aliado de primeira hora de Ciro Gomes, ele enfrenta fortes índices de rejeição. Experiente, foi deputado estadual por sete mandatos, tendo inclusive presidido a Assembleia Legislativa. Tem como vice em sua chapa o presidente estadual do PSDB, Élcio Batista, ex-aliado do atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT).
Especialista em gestão pública e deputado federal licenciado, André Fernandes (PL) conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sua vice é a advogada Alcyvania Pinheiro, também do PL.
Professor e capitão da Polícia Militar, Capitão Wagner é o candidato do União Brasil. Foi presidente da Associação dos Profissionais de Segurança Pública do Estado do Ceará, entidade que dá pleno suporte à sua candidatura. Completa a chapa a nutricionista Edilene Pessoa, igualmente do União Brasil.
Presidente da Assembleia Legislativa e servidor público de carreira, o deputado estadual Evandro Leitão é o candidato do PT. Integrante do grupo político do senador Cid Gomes (PSB), que deixou o PDT no início do ano após romper com o irmão, ele conta com apoios de petistas de peso - o presidente Lula, o governador Elmano de Freitas e o ministro da Educação, Camilo Santana. A vice é a deputada estadual e médica geriatra Gabriella Aguiar (PT).
Administrador, empresário e senador, Eduardo Girão (Novo) tenta a prefeitura de Fortaleza pela primeira vez. Eleito para o Senado Federal em 2018 na esteira da antipolítica, ele mantém um discurso afinado com a direita mais extremada. Sua vice é a dentista Silvana Bezerra de Menezes, também do Novo.
Empresário do setor imobiliário, George Lima é o nome do Solidariedade na disputa. Ex-deputado estadual, corre por fora no pleito desse ano. Sua vice é a advogada Rachel Girão, também do Solidariedade.
Pesquisa do instituto Ideia divulgada no último sábado, 31 de agosto, mostra Capitão Wagner com 29% das intenções de votos, contra 23% de Sarto, 16% de André Fernandes e 12% de Leitão.
As pesquisas até aqui divulgadas, antes do início da propaganda eleitoral nas rádios e na TV, tem colocado em dúvida a real influência e capacidade de transferência de votos tanto de Lula quanto de Bolsonaro. Esse mesmo fenômeno tem sido observado em outras capitais. Resta saber se agora, com o início da propaganda e com a vinculação da imagem dos candidatos a Lula ou Bolsonaro, as campanhas tenham alguma alteração nas intenções de voto.
Em resumo, o leve favoritismo do candidato do União Brasil começa a ser testado nesse início de campanha. As forças políticas em campo, nacionais e estaduais, também serão postas à prova. Nada está definido.
André Pereira César
Cientista Político
