A nova pesquisa do instituto Quaest sobre a sucessão paulistana mostra um quadro de absoluta indefinição. Faltando pouco mais de dois meses para o primeiro turno, os três principais candidatos aparecem empatados na liderança.
O levantamento foi realizado entre os dias 25 e 28 de julho. De acordo com a pesquisa, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem 20% das citações, contra 19% de Guilherme Boulos (PSOL) e do apresentador José Luiz Datena (PSDB). Mais atrás aparecem o “coach” Pablo Marçal (PRTB), com 12%, e Tabata Amaral (PSB), com 5%.
Algumas observações. Em primeiro lugar, a pesquisa da Quaest aponta um quadro de estabilidade na disputa, com pequenas oscilações nas posições de liderança. Nunes perde dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, o mesmo ocorrendo com Boulos. Já o neotucano Datena avançou três pontos.
Cabe observar que o apresentador, hoje no PSDB, já ensaiou outras participações em eleições paulistanas, mas nunca levou seu nome até o final dos pleitos. Seu bom desempenho até agora pode servir de estímulo para que, dessa vez, a história seja diferente. Um potencial jogador em uma disputa hoje absolutamente polarizada.
Aliás, sobre a polarização, Nunes/Bolsonaro e Boulos/Lula poderão ser obrigados a mudar suas estratégias com o efetivo ingresso de Datena no pleito. No limite, o esperado “laboratório” da sucessão presidencial de 2026 pode ganhar uma nova configuração.
Por outro lado, os desempenhos de Marçal e de Tabata chamam a atenção, por motivos distintos. No caso do coach dublê de candidato, seus 12% mostram que a chamada “antipolítica” têm espaço significativo junto ao eleitorado. Péssima notícia para a democracia.
Já a deputada Tabata vê cada vez mais distantes suas pretensões de se tornar a “terceira via” na sucessão paulistana. Nem mesmo seu principal cabo eleitoral, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tem ajudado. Com apenas um dígito na pesquisa, não seria de surpreender que ela abra mão da disputa em algum momento próximo. A última tentativa de alavancar a candidatura seria a indicação à vice de Lúcia França, esposa do ex-governador de São Paulo e atual ministro do Empreendedorismo Márcio França. Sem um nome forte, é um projeto que caminha para o fracasso. Se desistir, o PSB apoiará as pretensões de Boulos e do PT?
Enfim, a campanha de fato ainda não começou, e o eleitor pode mudar seu voto - apenas 42% estão plenamente convictos de sua decisão. O jogo está nos seus minutos iniciais, e será necessário observar se as participações de Lula e Bolsonaro, ao longo de toda partida, serão realmente decisivas.
André Pereira César
Cientista Político


