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STF, violência e opinião pública

Duas pesquisas de opinião pública recém-divulgadas, uma pelo DataFolha e outra pela Quaest, apresentam números importantes sobre o Judiciário e a segurança pública. A melhora na avaliação do Supremo Tribunal Federal (STF), de um lado, e a crescente preocupação com o crime organizado, de outro, chamam a atenção.

No caso do Supremo, o DataFolha mostra redução significativa na rejeição dos brasileiros à Corte. De acordo com o levantamento, entre dezembro de 2023 e agora, os que reprovam o trabalho da instituição caíram nada menos que dez pontos, passando de 38% para 28%. Já o índice dos que aprovam oscilou em dois pontos, indo de 27% para 29%.

O que explica essa mudança no humor do eleitorado? Talvez um menor protagonismo na mídia - mais discrição por parte dos ministros. Igualmente a sobriedade da cerimônia de posse de Flávio Dino, com direito a missa, tenha colaborado para o resultado. Além disso, entre apoiadores do governo Lula (PT) os números são melhores. Os bolsonaristas seguem criticando a Corte, mas na figura única do ministro Alexandre de Moraes.

Já a pesquisa Quaest aborda a questão da segurança pública e revela a grande preocupação da sociedade com o tema. Na avaliação de 79% dos brasileiros, a violência aumentou nos últimos doze meses. Ínfimos 4% consideram que o problema diminuiu nesse período.

O crime organizado, em especial, está no radar da população. Nada menos que 83% consideram que cresceu no último ano, enquanto apenas 3% têm opinião contrária. Resultados eloquentes, que falam por si só.

É evidente que, no caso específico da segurança pública, os números podem ainda piorar. O levantamento ora divulgado teve o trabalho de campo realizado no final do ano passado e, portanto, não captou eventos recentes, como a fuga de detentos do presídio de Mossoró (RN) - amplamente explorado pela mídia, diga-se -, a crise envolvendo a PM paulista na Baixada Santista e os dramáticos desdobramentos do caso Marielle, com a divulgação dos nomes dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato.

O fato é que há uma forte percepção na sociedade de que o crime organizado vem ocupando importantes espaços no Estado brasileiro, e não somente no Rio de Janeiro. Há um sentimento de urgência de respostas efetivas por parte das autoridades.

O Brasil estaria caminhando para se tornar uma nova Colômbia (dos tempos de Escobar), um México ou um Equador? No inconsciente de muitos essa pergunta pode estar presente, mesmo não se tratando o Brasil de um país exatamente narcoprodutor.

Espera-se que a questão da segurança pública seja prioritária em todos os níveis, federal, estadual e municipal, com o estabelecimento de ações coordenadas e políticas públicas consistentes, como sugerido pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em recente declaração pública. Do contrário, teremos mais do mesmo, com um provável agravamento do quadro geral.

André Pereira César
Cientista Político

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