Partido com enorme peso político tempos atrás, o PSDB reaparece no cenário por motivos não tão nobres. Na verdade, a legenda vem perdendo quadros importantes, em especial para o PSD, e, para não desaparecer em definitivo, caminha para uma fusão com o outra agremiação. Ocaso do outrora poderoso tucanato?
Aos fatos. Dos três governadores eleitos em outubro de 2022, apenas um, Eduardo Riedel (MS), segue na legenda. Os outros dois, Raquel Lyra (PE) e Eduardo Leite (RS), migraram para o PSD. O gaúcho, por sinal, já se coloca como pré-candidato à sucessão presidencial no partido de Gilberto Kassab.
O último governador no ninho tucano é um político sui generis. Sua base aliada é composta por um arco que vai do PL ao PT, passando por diversos partidos do Centrão e nada garante que ele continue no PSDB por muito tempo. Dada sua condição de chefe de governo de um estado importante no mundo do agro e o momento atual dos tucanos, Riedel está sendo sondado por várias legendas.
No Congresso Nacional, a situação do PSDB é igualmente melancólica. Na Câmara dos Deputados, o partido conta com apenas treze representantes e, em federação com o Cidadania, totaliza dezessete parlamentares. No Senado Federal, são apenas três os tucanos. Em suma, uma legenda à beira da irrelevância.
Na contramão do PSDB, o PSD ocupa com autoridade o centro político. São 45 deputados, quatorze senadores e quatro governadores, e esses números tendem a subir a curto e médio prazos. Mais ainda, o partido de Kassab tem como projeto a disputa presidencial em 2026. Nomes não faltam.
Além do já citado Eduardo Leite, o também governador Ratinho Júnior (PR) já se coloca como potencial candidato. Além disso, outros chefes de estados importantes podem ser atraídos para a órbita do PSD, como Tarcísio de Freitas (SP), hoje no Republicanos, e Romeu Zema (MG), por ora no Novo. No limite, o partido de Kassab exerce forte atração sobre essas lideranças. Perspectiva de poder é tudo.
Enfim, a política não comporta vácuo. O espaço antes ocupado pelo PSDB hoje está nas mãos do PSD, que mais e mais se torna um ator fundamental no cenário nacional. A polarização hoje em curso pode ser ameaçada pela emergente legenda? Respostas em breve.
André Pereira César
Cientista Político