O novo MDB - Política - Hold Assessoria

O novo MDB

“Quem sabe, sabe, vota no Kassab”, eis o slogan clássico. O ex-prefeito de São Paulo, ex-deputado estadual e federal e ex-ministro Gilberto Kassab, fundador e comandante do PSD, jamais escondeu seu projeto político - estar sempre próximo ao poder, independente de quem sejam os aliados. Essa proposta é legítima, importante frisar. E vem obtendo êxito na empreitada.

Seu histórico confirma essa vocação. Foi ligado ao PSDB de José Serra, trabalhou nos governos Dilma e Temer, esteve próximo de Bolsonaro e, agora, está simultaneamente nas canoas dos governos adversários de Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP) e Lula (PT). Hoje, no limite, o pragmatismo de Kassab subverte a máxima bíblica de que “ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24). Os frutos desses movimentos estão à vista de todos.

O PSD, de fato, tornou-se uma potência no cenário político brasileiro, ocupando nesse exato momento o espaço de outra legenda de peso com perfil similar, o MDB.

Aos números. O partido de Kassab elegeu 657 prefeitos em 2020 e agora tem 1040. Os emedebistas, por seu turno, passaram de 793 para 916 - aumentaram de tamanho, mas agora ocupam um inédito segundo lugar no pódio.

A título de comparação, o poderoso PL de Jair Bolsonaro tem hoje 371 prefeituras e o PT de Lula, 265 (nenhuma capital, diga-se). A situação mudará após o pleito municipal de outubro próximo?

Para além da habilidade política de Gilberto Kassab, a postura moderada e conciliadora do PSD colabora para o crescimento da agremiação, especialmente em tempos de polarização (“calcificação”), uma realidade que, a princípio, tende a se manter a curto e médio prazos. Por sinal, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), homem e branco, com seu estilo pacificador e seu tom de voz contido, representa uma espécie de síntese da filosofia de seu partido.

Um dado importante - assim como o MDB, o PSD não tem pretensão real de disputar a presidência da República. No caso dos emedebistas, eles chegaram ao poder somente após a morte de Tancredo Neves e o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em dois movimentos “acidentais” - e que, ao final, tiveram consequências negativas para o partido. Ciente disso, Kassab adota estratégias distintas, sem se aproximar em demasia do núcleo do poder, apesar de influenciar e muitas vezes comandar as decisões desses núcleos. O importante é não se afastar deles.

O recado é claro. Fundado em 2011 com o apoio velado do então grupo no poder, o PT e seus aliados, desde então o PSD aproveitou-se das brechas da cena política e ganhou espaço junto aos setores médios do eleitorado brasileiro. Manterá essa trajetória nas eleições municipais do segundo semestre e avançará ainda mais? A fotografia do momento indica que sim. A conferir.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni - Consultor Jurídico

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