Lula viaja e o Brasil deixa de ser pária - Política - Hold Assessoria

Lula viaja e o Brasil deixa de ser pária

Entre as propostas e promessas feitas pelo então candidato Lula (PT) à presidência, durante a campanha eleitoral de 2022, estava a de retomar o protagonismo do Brasil no cenário internacional. Sem entrar no mérito da questão, é fato que o atual governo está empenhado em atingir essa meta. Para o bem ou para o mal - aos olhos de alguns -, o país deixou de ser um “pária” e reconquistou o espaço no debate global.

Aos fatos recentes. Em evento na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão da ONU, o titular do Planalto se mostrou de maneira completa. Ele falou sobre a polarização política no cenário mundial e os conflitos em andamento, como na Ucrânia e em Gaza, onde “trabalhadores que deveriam dedicar-se a suas vidas e famílias são direcionados para a frente de batalha”.

Indo além, o presidente também criticou os gastos crescentes com armamentos, citando a soma de bilhões de investimentos em 2023. “Por isso, é importante afirmar que o mundo precisa de paz e de propriedade, e não de guerra”, declarou. Recado dado.

Mais ainda, o petista fala ainda na questão de se discutir o problema do avanço do que extremismo no planeta. Fica aqui a pergunta - só extremismo de direita ou de esquerda também? Tudo muito nebuloso no atual contexto.

O Brasil vive um momento importante. Está na presidência do G20 e promoverá, no próximo ano, a COP 30, em Belém (PA). Não é pouco, muito pelo contrário. Lula entende isso e, apesar das crises internas - que não são poucas, lembremos - usa esse ativo político com qualidade.

No comando do G-20, Lula busca discutir uma agenda mais global, incluindo impostos sobre os super-ricos, programas sociais para combater a fome e medidas mais agressivas sobre as alterações climáticas.

Ao participar do G7 - realizado na Itália - o presidente brasileiro estreitou laços com a liderança política global e preencheu a sua agenda com uma lista de reuniões bilaterais que incluiu a anfitriã Giorgia Meloni, Emmanuel Macron da França, Olaf Scholz da Alemanha, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, Narendra Modi, da Índia, e o Papa Francisco.

Voltamos ao debate de verdade? Aparentemente sim.

Ninguém questiona a necessidade de se qualificar a posição do país em relação aos interesses reais frente aos interesses internacionais. Falamos muito sobre o que de verdade é importante, mas é necessário foco.

Lula não esconde ou não consegue mais esconder a sua impaciência em tratar dos assuntos internos, em especial os ligados ao parlamento brasileiro. Lidar com o “ramerrame”, com o dia a dia tem trazido desconforto ao presidente, que tentou - sem obter os resultados esperados - delegar essas corriqueiras tarefas aos seus ministros.

A ideia não deu certo e a empreitada teve que ser assumida pessoalmente por Lula em reuniões semanais de articulação. Um fardo para o presidente que, em campanha, assumiu o compromisso de viajar para vender o país.

Lá fora, o projeto está sendo muito bem encaminhado enquanto aqui dentro, as coisas saíram um pouco fora do eixo.

Com o avanço do Congresso sobre a pauta econômica e social, Lula irá conseguir resistir até o final? As eleições municipais ditarão o ritmo. É aguardar para ver.

André Pereira César

Cientista Político

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

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