2024, o ano das eleições - Política - Hold

2024, o ano das eleições

É de conhecimento geral que o próximo ano será marcado por importantes eleições pelo mundo, Brasil incluído. Nos Estados Unidos, o possível retorno do republicano Donald Trump ao poder assombra a muitos. Na Índia, com seus 945 milhões de eleitores, o BJP, partido do populista primeiro-ministro Narendra Modi, é o favorito segundo as pesquisas. Também Taiwan, em constante atrito com a China, realizará seu pleito, bem como o México, cujo governo está em guerra contra o narcotráfico. Por fim, Vladimir Putin deverá ser reconduzido na Rússia.

Cabe lembrar que a extrema direita tem conquistado espaço ao redor do globo. As recentes vitórias de Javier Milei na Argentina e Geert Wilders na Holanda atestam esse quadro. A eles se somam figuras como Viktor Orbán na Hungria e Giorgia Meloni na Itália. Isso sem esquecer o avanço de partidos radicais de direita em parlamentos europeus, da Espanha à Suécia. Não é pouco. Sinal amarelo.

Aqui chegamos ao Brasil, que realizará eleições municipais no segundo semestre. Já falamos recentemente nesse espaço que esse pleito representa a antessala das eleições gerais de 2026. No caso, dado o quadro de forte polarização (que alguns analistas já chamam de “calcificação”), as eleições de 2024 serão as mais importantes desde a redemocratização. Os vencedores largarão na frente para a disputa em 2026.

Detentor da maior bancada da Câmara dos Deputados, o PL projeta crescer significativamente no próximo ano. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, fala em conquistar cerca de mil prefeituras, muitas delas capitais. Estrutura e recursos financeiros não faltam. Nesse cenário, o partido se tornaria o novo MDB - que sempre se caracterizou pela capilaridade, com forte presença em todo o país, dos chamados “rincões” às grandes cidades.

É fato que Costa Neto comanda o PL com mão de ferro, controle absoluto sobre os filiados. O ingresso do então presidente da República Jair Bolsonaro no partido, antes da campanha de 2022, criou uma espécie de “número dois”. Boa parte do êxito do PL naquela eleição se deve à presença do hoje ex-presidente, que conseguiu muitos votos para os candidatos da extrema direita ao Congresso Nacional. A pergunta que fica é - passado o pleito do próximo ano e com o eventual crescimento da agremiação, como ficará a relação Costa Neto-Bolsonaro?

O que sabe é que o todo poderoso Valdemar Costa Neto, conhecido pelo seu pragmatismo e apreço ao poder precisa, nessa altura do campeonato, de todo apoio da família Bolsonaro, pois conta justamente com esse ativo de eleitores mais radicais para que os planos de expansão do partido se efetivem. Sem eles, o PL volta a ser um partido de meio de tabela, assim como o PP, Republicanos e PSD e terá que necessariamente dividir o controle tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.

E por falar no Centrão, PP, Republicanos e PSD à frente, também tem seus projetos de poder. Como são de certa forma próximos ao Planalto, o que se verá é a busca pelo lançamento de candidaturas que não entrem em choque com o governo federal, ao menos nas capitais. Dadas as realidades específicas dos municípios, porém, será bastante difícil se chegar a um entendimento pleno.

No âmbito da centro-esquerda, capitaneada pelo PT, a expectativa é a de que, caso a economia esteja em processo de recuperação, as chances de bom desempenho serão reais. Do contrário, as principais capitais, como São Paulo, serão mais difíceis de conquistar.

Por fim, é importante ressaltar que, cada vez mais, é fundamental ocupar espaço no Congresso Nacional - e é o que se observa hoje no governo Lula (PT). Aqueles que detém bancadas fortes têm maior poder de negociação, obrigando o Planalto a ceder em diversas demandas. Esse quadro tende a se agudizar a partir de 2026, e o pleito do próximo ano dará munição para os partidos vencedores atingirem esse objetivo.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

Comments are closed.