Um balanço da janela partidária - Política - Hold

Um balanço da janela partidária

Encerrado o período da “janela partidária”, é hora de se analisar a nova correlação de forças na Câmara dos Deputados. A rigor, os blocos do governo e da oposição não sofreram mudanças significativas, mas dentro dos partidos, em especial no Centrão, ocorreram alterações importantes.

O PL foi o grande vencedor após a dança das cadeiras. De acordo com a secretaria-geral da Mesa, o partido do presidente Jair Bolsonaro tem hoje 73 deputados em suas fileiras, tornando-se a maior bancada da Casa. É importante ressaltar, no entanto, que um número expressivo de parlamentares que ingressaram na legenda integra a base ideológica do bolsonarismo e são oriundos do antigo PSL - Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Bia Kicis fazem parte desse grupo.

Também representante do Centrão, o PP chegou a 50 deputados, mas deve aumentar um pouco mais - os números ainda não estão consolidados. De todo modo, o partido tem hoje a terceira maior bancada, ficando logo atrás do PT, que conta com 56 parlamentares.

Conforme o esperado, o União Brasil, fruto da fusão do DEM com o PSL, viu a bancada diminuir. De pouco mais de oitenta Deputados no final de fevereiro, o partido tem agora 47 e ocupa o quarto lugar no ranking da Câmara.

Por fim, o Republicanos, a “terceira perna” do Centrão, conta agora com 45 deputados. Ligada a setores evangélicos, a legenda tem objetivos nada modestos para o pleito de outubro, a começar pela disputa do governo paulista com o ex-ministro Tarcísio de Freitas.

Interessante observar que partidos tradicionais como o PSDB e o MDB, outrora robustos, têm pouca atratividade hoje. O tucanato fechou a janela com 27 deputados, enquanto 35 seguem nas fileiras emedebistas. Uma pálida sombra de um passado glorioso, quando as duas legendas chegaram a ter mais de cem deputados.

Agora, as lideranças partidárias deverão negociar (com bastante atraso, diga-se) as presidências das comissões permanentes da Casa. É esperado algum ruído em torno dos colegiados mais importantes, como a poderosa Comissão de Constituição e Justiça, que em tese, seria do PSL, a maior bancada eleita em 2018. Mas, como o partido (PSL) deixou de existir por conta da criação do União Brasil, fruto da fusão com o Democratas, outros partidos, em especial o PL, podem vir a questionar essa preferência. Nesse caso, rompido o acordo, o possível indicado seria o deputado Vitor Hugo (GO), ex-líder do governo Bolsonaro.

Faltando menos de seis meses para as eleições, os partidos se armam para o pleito. Nesse contexto, posições de destaque no Parlamento são fundamentais para os embates que se desenham no horizonte.

André Pereira César
Cientista Político

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