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Sucessão presidencial: Um olhar sobre a pesquisa XP/Ipespe

Divulgada na terça-feira, 11 de maio, a mais recente rodada do instituto XP/Ipespe apresenta dados importantes sobre o cenário político atual. Os números indicam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continua mantendo uma relativa força junto ao eleitorado, apesar da sucessão de notícias ruins para seu governo.

O levantamento ocorreu entre os dias 4 e 7 de maio, em todo o Brasil. Foram realizadas mil entrevistas e a margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.

Aos números. A avaliação “ruim/péssimo” do governo oscilou positivamente em um ponto, de 48% para 49%, enquanto o “bom/ótimo” passou de 27% para 29%. Já a pergunta sobre a maneira de Bolsonaro administrar o país obteve 58% de desaprovação (60% no levantamento anterior) e 35% de aprovação (33% no final de março). Como afirmamos mais acima, Bolsonaro mantém o fôlego.

Igualmente a expectativa para o restante do mandato registrou pequena melhora. Para 44% dos entrevistados, ele será “ruim/péssimo” (45% antes), enquanto 31% acreditam que será “bom/ótimo” (28% em março). No jargão das pesquisas de opinião pública, “o jacaré começa a fechar a boca”.

Quanto ao combate ao coronavírus, a avaliação segue estável. Segundo 58% dos entrevistados, o governo Bolsonaro é “ruim/péssimo” nesse quesito, mesmo índice do levantamento anterior, enquanto o “ótimo/bom” oscilou positivamente em um ponto e agora está em 22%.

O quadro geral pode ser explicado, ao menos em parte, pelo retorno do auxílio emergencial, e pela postura reativa dos simpatizantes de Bolsonaro, que recentemente saíram às ruas em defesa do presidente.

Sobre a disputa sucessória, a pesquisa também apresenta informações importantes. No levantamento espontâneo, Bolsonaro recebe 25% das intenções de voto, contra 21% do ex-presidente Lula (PT). Os demais pré-candidatos, somados, atingem 6% - ressalte-se aqui que nesse grupo encontram-se representantes da chamada Frente Ampla Democrática, como Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), João Dória (PSDB), Sérgio Moro (sem partido) e Luciano Huck (sem partido). Já a pergunta estimulada aponta empate entre Bolsonaro e Lula, com 29% cada. Ciro Gomes aparece com 9% e Sérgio Moro, 8%.

Na simulação de segundo turno, empates técnicos entre Lula e Bolsonaro (42% a 40% para o petista), Bolsonaro e Ciro Gomes (39% a 38% para o titular do Planalto) e Bolsonaro e Sérgio Moro (32% a 30% para o presidente). Disputas acirradas.

Com relação à sucessão presidencial, dois pontos em destaque. Primeiro, os apoiadores de Lula ganham ânimo suplementar em defesa de sua pré-candidatura. Segundo, à Frente Ampla Democrática não resta alternativa - definir o quanto antes programa e nome (ou nomes), do contrário o grupo não será competitivo no primeiro turno. Nesse sentido, caciques do PSDB já avisaram que as prévias agendadas para outubro para definição de um nome, seriam tarde demais.

Em resumo, a pesquisa XP/Ipespe confirma a tendência apontada por outros dois levantamentos, dos institutos Ideia e Atlas. Por ora, a trajetória de queda da popularidade de Bolsonaro está interrompida. Resta saber se o quadro é consistente ou se trata apenas de uma situação extemporânea.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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