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Sobre vacinas, sigilos e manifestações

São diversas as frentes nas quais ocorre o antecipado embate sucessório. Três, em especial, têm chamado a atenção nos últimos tempos - a vacinação da população, a quebra de sigilos na CPI da Covid e as manifestações favoráveis e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Vamos a elas.

Ainda que a um ritmo aquém do ideal, a vacinação avança junto aos brasileiros, e a politização em torno do tema segue intensa. Nesse campo, o governador paulista João Dória (PSDB), ao antecipar em um mês o calendário originalmente estabelecido no estado, retoma o protagonismo. O tucano tenta fazer da questão seu “plano Real”, ganhando visibilidade em todo o país.

A reação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não poderia ter sido pior - ao afirmar que as doses aos paulistas seriam enviadas pelo governo federal, ele mostrou que Planalto sentiu o golpe. De maneira involuntária, Dória ganhou um palanque, e está disposto a se aproveitar dele.

Quanto aos sigilos quebrados na CPI da Covid, trata-se de um elemento de risco para o governo. Assim, é inevitável que as personagens afetadas pela decisão do colegiado acionem a justiça para reverter o quadro.

O saldo, até o momento, é negativo para o Planalto. Ao confirmar as quebras dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e da médica Mayra Pinheiro, o Supremo Tribunal Federal avalizou um movimento importante dos senadores. As informações que podem surgir a partir de agora darão ainda mais consistência ao relatório final, que promete ser duro.

Por fim, as manifestações das últimas semanas reforçam a percepção de que a polarização em curso dificilmente será revertida até o pleito de 2022. A oposição ensaia o retorno definitivo às ruas e fará novo lance no próximo sábado, 19 de junho. O ex-presidente Lula pode ser o grande beneficiário dos atos.

Já os bolsonaristas seguem colocando em prática as “manifestações motorizadas”. A motociata do último dia 12, que contou com a presença de Bolsonaro, atendeu aos objetivos dos organizadores - monopolizaram o espaço na mídia e nas redes sociais.

Aqui cabe uma constatação. Ao divulgar a informação de que seriam mais de um milhão os participantes no evento e que o Guinness Book o teria incluído em sua lista de recordes, os aliados do presidente voltaram a demonstrar pouco apreço pela veracidade das notícias. Para os bolsonaristas raiz, é o que basta e aceitam essas informações como uma verdade absoluta.

O Tribunal Superior Eleitoral está de olho e já monitora os movimentos e impactos das redes sociais nas próximas eleições. O combate às fake news deverá ser uma das prioridades do TSE.

Os potenciais candidatos no pleito de 2022, sejam de que partido forem, estão em campo. Jogar dentro da legalidade será um desafio para todos, em especial para Bolsonaro.

André Pereira César
Cientista Político

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