PRECISAMOS FALAR SOBRE A PESQUISA DATAFOLHA - Hold

PRECISAMOS FALAR SOBRE A PESQUISA DATAFOLHA

É inegável que a decisão do TRF 4 rejeitando o recurso do ex-presidente Lula e
colocando-o, por ora, fora da disputa presidencial de outubro próximo, tem
consequências que transcendem o processo sucessório. No entanto, dada a
complexidade do quadro e seu elevado grau de imprevisibilidade, pouco pode se
afirmar de imediato. Aqui caímos na mais recente pesquisa do Datafolha.

Deve-se louvar, de antemão, a iniciativa do instituto de sair às ruas para sentir o pulso
da opinião pública tão logo conhecida a decisão de Porto Alegre. Porém, as conclusões
sobre os números apresentados requerem cautela. O processo necessita de tempo
para decantar.

Senão, vejamos. De um lado, sob diversos aspectos há estabilidade. A avaliação
negativa do governo Temer, por exemplo, está em 70%, contra 69% do levantamento
anterior. Outros 6% têm avaliação positiva, contra 5% em novembro passado.

Igualmente, os candidatos que representam o governismo seguem apresentando
índices pífios - o ministro Henrique Meirelles tem 2% em um dos cenários, enquanto o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aparece com 1% em outra simulação.

No âmbito dos líderes na (pré) disputa, as mudanças são marginais. Sem Lula, o
deputado Jair Bolsonaro toma a dianteira, com 18%, seguido por Marina Silva, com
13%, e Ciro Gomes, com 10%. Mais uma vez, alteração marginal nos números.

A inconteste (por ora) liderança de Lula permanece. Ele chega a apresentar 37% das
intenções de voto e venceria em todas as simulações de segundo turno.

Aqui temos um ponto importante. Trata-se de mera especulação, mas os bons índices
do petista, e o aumento significativo daqueles que não votarão em candidato algum
sem Lula na disputa, podem significar apenas uma resposta imediata, uma espécie de
vendetta, de parcela do eleitorado. Caso essa hipótese se confirme, ao longo dos
próximos levantamentos veremos uma retomada do quadro natural, com
redistribuição dos votos entre os candidatos. A conferir.

De todo modo, fica um sinal amarelo para os partidos e o mundo político em geral. O
eleitor médio da claros sinais de cansaço "daquilo que está aí". Sem uma renovação
geral, o descolamento entre o chamado mundo real e a política se ampliará, com
efeitos nefastos para a democracia.

André Pereira César
Cientista Político

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