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Partidos em movimento

Às vésperas do início de mais um ciclo eleitoral e com o cenário ainda turvo, partidos da esquerda à direita do espectro ideológico buscam reforçar suas posições. O objetivo evidente é chegar ao pleito em condições de eleger bancadas fortes, em especial na Câmara dos Deputados.

O pontapé inicial desse processo foi dado pelo PSL e pelo DEM, que se juntaram para criar o União Brasil. Em tese, o novo partido teria mais de oitenta deputados e seria, de longe, a maior bancada da Câmara. Seria. A fusão levará muitos deputados do PSL a deixar a agremiação - fala-se em pelo menos quinze deputados que buscarão outra agremiação, possivelmente a mesma do presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido.

Por outro lado, os vultosos recursos financeiros oriundos da fusão atrairão parlamentares de diferentes legendas, o que compensaria em parte a esperada debandada.

Fusão não está no radar dos demais partidos, ao menos por ora. No entanto, há intensa negociação em torno das federações partidárias, uma modalidade que atrai muitas legendas, em especial as menores.

A federação partidária prevê, em linhas gerais, que duas ou mais legendas com afinidade programática se unam durante o período eleitoral e mantenham a parceria por no mínimo quatro anos. Com isso, as siglas parceiras passam a ser tratadas como uma só. Precisam, por exemplo, estar juntas na disputa presidencial, em todas as candidaturas estaduais e também nas atuações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Na prática, uma possibilidade de partidos menores escaparem da cláusula de barreira.

O Centrão já se move. PP e PL negociam há semanas o estabelecimento de uma federação, e esse movimento tende a ganhar força caso Bolsonaro confirme seu ingresso no PP. O Republicanos chegou a participar das conversas iniciais, mas desistiu do projeto.

No campo da esquerda e da centro-esquerda também há conversas. O Cidadania e o PV negociam a colaboração, bem como o PC do B e o PSOL.

Em suma, desenha-se no horizonte uma ampla modificação do quadro partidário brasileiro. O resultado final desse processo ainda é uma incógnita, mas é inegável que terá grande impacto sobre as eleições de 2022.

André Pereira César
Cientista Político

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