Para onde vai o “novo Centrão”? - Hold

Para onde vai o “novo Centrão”?

Em 1987, durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, foi formado o Centro Democrático. Também conhecido como “Centrão”, o grupo era composto por parlamentares do PMDB, do PFL, do PTB e do PDS, representava segmentos conservadores da sociedade brasileira e foi fundamental para a aprovação da Constituição de 1988.

Hoje, em meio à discussão sobre o afastamento ou não da presidente Dilma Rousseff, um “novo Centrão” terá papel decisivo no futuro do governo. Ele é integrado por parte das bancadas do PMDB, do PR, do PSD e do PP.

O texto anterior já abordava o possível posicionamento das bancadas desses partidos no plenário da Câmara dos Deputados. Agora, com a situação se cristalizando, atualizaremos esse quadro.

No PMDB, o “novo Centrão” é amplamente majoritário. Dos 67 deputados peemedebistas, já se contabilizam cinquenta que se enquadram nessa categoria e devem votar favoravelmente à continuidade do processo de afastamento da presidente. O próprio líder da bancada, deputado Leonardo Picciani (PMDB/RJ), assumiu ser praticamente impossível reverter esse quadro. No partido, a onda contra o Planalto é uma realidade aparentemente irreversível.

            Com 47 deputados, o PP também tem o “novo Centrão” como grupo predominante. Mesmo com a pressão do Planalto, que ofereceu cargos de primeiro e segundo escalões, o partido anunciou o desembarque do governo. Agora, pelos cálculos governistas, cerca de quarenta deputados do PP votarão pelo afastamento da presidente Dilma. Esse número pode aumentar até o próximo domingo. O presidente da agremiação, senador Ciro Nogueira (PP/PI), pode ser apontado como uma das mais expressivas lideranças do “novo Centrão”.

Partido criado por Gilberto Kassab para se aproximar da presidente Dilma, o PSD também mostra-se favorável ao afastamento da presidente. Dos 36 deputados, pelo menos 24 votarão contra o governo. Pode-se afirmar que o partido não integra mais a base de sustentação de Dilma.

Por último, o PR tem quarenta votos a oferecer. Apesar de ocupar o ministério dos Transportes e estar em negociação por mais cargos no Planalto, a cúpula partidária tende a liberar a bancada. A decisão final, porém, será tomada somente momentos antes da votação em plenário, no domingo.

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, em seu tracking diário, na  quinta-feira, 14 de abril, 342 deputados teriam anunciado o voto a favor do impeachment. Esse número evidencia o derretimento da base governista nos últimos dias.

Passado o processo do impeachment e confirmada a derrota da presidente Dilma, o “novo Centrão” se sentará à mesa para discutir a nova agenda política do país.

Durante os trabalhos da Constituinte, o “Centrão” apoiava de maneira aberta o governo de José Sarney. Hoje, ao contrário, o “novo Centrão” sinaliza que descarregará seus votos contra a presidente Dilma. Separados por quase trinta anos, os dois grupos mostraram-se decisivos para os destinos do Brasil.

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