Para onde vai a Lava Jato? - Hold

Para onde vai a Lava Jato?

A relativa calmaria dos últimos dias, que se deu muito em função do esvaziamento de Brasília por conta das festas juninas no Nordeste, foi subitamente quebrada por mais uma operação da Polícia Federal. A Operação Custo Brasil, um braço da Lava Jato, atingiu o coração do PT e terá graves consequências para a cena política a curto e médio prazos.

Em primeiro lugar, o envolvimento direto de dois ex-ministros petistas coloca novamente o partido no centro da crise. No caso de Paulo Bernardo, que pertenceu ao primeiro escalão dos governos Lula e Dilma, a situação é ainda mais grave. Além de um quadro histórico do PT, ele é marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), integrante da linha de frente da defesa da presidente afastada na Comissão Especial que analisa o impeachment. Sem dúvida, sua participação no colegiado será questionada e Dilma perde consistência política em sua tentativa de se manter no cargo.

Há ainda o simbolismo da ação da Polícia Federal. A imagem de viaturas dos policiais na frente da sede nacional do PT, em São Paulo, será usada por seus adversários políticos nas campanhas. O petismo, para boa parte da sociedade brasileira, continuará a ser vinculado a atos ilícitos e essas imagens servirão de exemplo.

O forte caráter midiático da operação é inegável. A imprensa explorará o assunto por alguns dias e, para o governo interino de Michel Temer, a notícia é muito boa. O peemedebista e seus aliados ganham tempo para enfrentar seus próprios problemas, que se acumulam tanto na política quanto na economia.

Também o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), pode celebrar o momento. Apesar da difícil situação em que se encontra, o parlamentar terá algum refresco nos próximos dias, o que certamente ajudará em sua estratégia de defesa.

A questão agora é acompanhar com atenção os próximos passos da Operação Lava Jato. Novas ações e operações são esperadas, mas quais serão seus alvos? Integrantes do governo Temer continuarão a ser investigados? Haverá alguma influência do Planalto para que a operação ao menos perca fôlego?

Todas essas questões serão respondidas em breve. Até lá, o mundo político seguirá atento e preocupado. Seja governo ou oposição, ninguém está livre das investigações.

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