O sempre problemático União Brasil - Política - Hold Assessoria

O sempre problemático União Brasil

Dentre os partidos que integram a base de sustentação do governo Lula (PT), o União Brasil é sem dúvida o que causa mais problemas para o Planalto. Crises que culminaram na queda de ministros da legenda, divisão interna, ameaças de abandonar o presidente da República. O cardápio é extenso.

Aos fatos mais recentes. Após um longo período de fritura que desaguou em uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o hoje ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (MA) retornou à Câmara dos Deputados com a proposta de assumir a liderança da bancada. Em troca, o atual líder, Pedro Lucas (MA), substituiria Juscelino na pasta. Tudo com o aval inicial do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (AP).

Então começaram os problemas. A bancada do União Brasil não aceitou a mudança e, por conta disso, Lucas rejeitou a proposta. Pior, o governo Lula já havia anunciado que o deputado seria o novo ministro. Mais do que uma saia justa, um sinal de fraqueza de Lula e Alcolumbre.

Os dois enfrentam problemas distintos. No caso do presidente da República, há indícios claros de que seu ministério não atrai “candidatos” ao primeiro escalão, o que em larga medida explica a demora na conclusão da reforma ministerial. Já o comandante do Senado, um dos principais nomes do União Brasil, foi abertamente questionado quanto a seus movimentos, em especial pelo presidente nacional da legenda, Antônio Rueda.

É do conhecimento geral que o partido está dividido. Muitos líderes tentam ganhar mais espaço - entre eles o governador Ronaldo Caiado (GO), pré-candidato à sucessão presidencial, o ex-prefeito ACM Neto e o próprio Rueda. Cada um falando sua língua, em uma autêntica Babel.

Resultado da fusão entre o DEM e o PSL, o União Brasil na verdade jamais foi unido - “Desunião Brasil”, nas palavras de alguns. Um caso emblemático envolveu o presidente Rueda e o ex-presidente Luciano Bivar (PE), inclusive com o incêndio de um imóvel do primeiro. Jogo bruto, que parece não ter fim.

Para Lula, fica uma questão no ar: a legenda tem convertido em votos o espaço por ela ocupado na Esplanada? A princípio, a resposta é não, o que deveria levar o titular do Planalto a revisar suas relações com o União Brasil - sob o risco de entrar em choque com Alcolumbre, que tem colaborado com o governo no Senado. Mas não cabe ao presidente ficar apenas irritado, o imbróglio não se resolve assim.

Por fim, avançou bastante o processo de criação da federação União Brasil/PP, ao custo da saída de alguns nomes importantes, contrários à decisão. Tudo pode estar resolvido em poucas semanas.

Mais uma vez, o governo federal sente na pele as dificuldades para manter uma base minimamente coesa. Mais do que ajudar, o amplo leque de partidos integrantes da coalizão apenas atrapalha.

André Pereira César

Cientista Político

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