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O alvo do momento

Às vésperas das festas de final de ano, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, tornou-se o centro das atenções do mundo político. Após a divulgação dos resultados do último levantamento do DataFolha, onde o ministro aparece como o mais bem avaliado junto à opinião pública, a pressão sobre ele ganhou força.

Mesmo no governo ele tem sido alvo de investidas. O ministro da secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, enviou um recado velado a Moro – o Planalto espera que ele não tente voo solo, se candidatando em 2022. Esse eventual movimento pode ser visto como uma traição ao presidente Jair Bolsonaro e seu projeto de poder. A mensagem de Ramos foi captada por setores da imprensa.

Fora do governismo, a pressão é ainda maior. O Congresso Nacional, por exemplo, deixou sua marca. Os parlamentares aprovaram o pacote anticrime, peça central de Moro, mas retiraram do texto dispositivos fundamentais para o ministro, como o excludente de ilicitude. Uma vitória com sabor amargo para o titular da Justiça. Cabe ressaltar aqui que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), aumentou o tom das críticas à Moro.

No Supremo Tribunal Federal, o ambiente também não é favorável. Em posição diametralmente oposta a Moro, o ministro Marco Aurélio Mello saiu em defesa da Corte Suprema por conta da recente afirmação de Moro de que a decisão do Supremo sobre prisão em segunda instância piorou percepção sobre corrupção. Indo além, Mello afirmou que “quem tem o mínimo de conhecimento técnico e que ame a (...) Constituição, não pode ter dúvidas”. Crítica direta ao titular da Justiça, misturando ironia e malícia.

Importante notar que o presidente Bolsonaro não fez qualquer declaração em defesa de Moro. Um silêncio que pode ter muitos significados.

Por sua vez, o ministro e seu grupo seguem com a estratégia de manter-se no centro das atenções, antecipando deliberadamente o debate sucessório. Uma opção para ele seria assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal, nomeado por Bolsonaro, que se livraria de um potencial adversário. Moro “cairia para o alto” e teria livre atuação na Corte. Em pouco tempo o destino do ministro será conhecido.

André Pereira César

Cientista Político

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