Notas esparsas sobre a conjuntura política - Hold

Notas esparsas sobre a conjuntura política

Enquanto a bola rola na Rússia e o Brasil avança na Copa do Mundo, a política mantém
sua rotina de atividades.

a) As incertezas eleitorais podem levar os partidos a realizar sua convenções perto do
final do prazo legal. O período estabelecido pelo calendário eleitoral para a realização
das convenções vai de 20 de julho a 5 de agosto. Como as conversas entre as principais
agremiações ainda estão incipientes, as decisões finais se darão perto do começo da
campanha oficial.

b) A situação do DEM exemplifica a dificuldade dos partidos em bater o martelo para
alianças e coligações. A agremiação está dividida entre apoiar Geraldo Alckmin (PSDB)
ou Ciro Gomes (PDT). Hoje, o pedetista leva ligeira vantagem, mas a questão será
decidida com base em pesquisas de opinião pública.

c) Ainda no âmbito eleitoral, os cinco principais partidos de esquerda (PT, PDT, PSB,
PCdoB e PSOL) prepararam um manifesto conjunto. Com isso, essas legendas podem
estabelecer o gérmen de uma frente para as eleições de outubro. Cabe lembrar que,
recentemente, o centro fez movimento similar, com impacto até agora pífio junto ao
eleitorado.

d) O funcionalismo pode receber uma má notícia em breve. O relator da LDO, senador
Dalírio Beber (PSDB/SC), propôs em seu parecer o congelamento dos salários dos
servidores em 2019. Aplicada somente aos funcionários civis, a medida geraria uma
economia de R$ 6 bilhões. Somados os militares, esse valor iria a R$ 11 bilhões. A
proposta, é claro, sofrerá forte pressão por parte dos servidores.

e) O plenário da Câmara dos Deputados aprovou a urgência para o projeto de lei que
trata da venda de seis distribuidoras de energia das regiões Norte e Nordeste. O texto
incorpora parte da medida provisória da privatização da Eletrobrás, que perdeu a
validade sem ser apreciada. A aprovação da urgência para a matéria indica que o
mérito poderá ser aprovado sem maiores problemas.

f) Deputados e senadores ficarão concentrados até o próximo sábado, 7 de julho.
Nesse dia, encerra-se o prazo para a liberação de emendas ao Orçamento. Em ano
eleitoral, a pressão dos parlamentares por recursos aumenta sensivelmente.

g) O Supremo Tribunal Federal segue criando polêmica em algumas decisões. O
ministro Dias Toffoli, por exemplo, dispensou o ex-ministro José Dirceu do uso de
tornozeleira eletrônica. Indo além, Toffoli arquivou o inquérito contra o deputado
Bruno Araújo (PSDB/PE) no âmbito da Lava Jato. A opinião pública esbraveja contra,
mas nada pode fazer de concreto.

h) Na economia, o dólar voltou a subir e superou os R$ 3,90 na segunda-feira última,
tendo recuado um pouco no dia seguinte. A guerra comercial liderada pelos Estados
Unidos da América é apontada como a principal responsável pelo quadro de alta da
moeda americana, que preocupa a muitos.

i) Em decorrência de decisão do Ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que proibiu o
governo de vender ações de estatais sem sem que haja aval do Congresso Nacional, a
Petrobras suspendeu os processos de alienação de 60% das refinarias Landulpho Alves,
na Bahia, Abreu e Lima, em Pernambuco, Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul e
Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, o que deve, segundo analista, ocasionar forte
impacto nos planos de reestruturação da empresa com consequente abalo nas contas
do governo.

j) O Brasil volta a campo na próxima sexta-feira para enfrentar a Bélgica pelas quartasde-
final. O time de Tite & companhia tenta empolgar, mas isso pouco importa.
Qualquer que seja o resultado final do Mundial, seu efeito será mínimo sobre o
processo eleitoral.

André Pereira César
Cientista Político

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