Ministro da Economia Paulo Guedes, versão 2021 - Política - Hold

Ministro da Economia Paulo Guedes, versão 2021

“Nós vamos abrir a economia, nós vamos simplificar impostos, nós vamos privatizar” (Paulo Guedes, cerimônia de posse, 2 de janeiro de 2019)

Passados dois anos, muitas ilusões foram perdidas. Hoje, o titular da pasta vê questionada sua condição de czar da economia e, pior, perde apoio no mercado e no mundo político. Em 2021, são limitadas as opções de Guedes.

O desgaste vem ocorrendo já há algum tempo. Desde o início do governo Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro vem perdendo aliados de peso - Joaquim Levy, Marcos Cintra, Mansueto Almeida, Salim Mattar, entre outros. Esses nomes davam suporte técnico às propostas de Guedes mas, em algum momento, bateram de frente com o Planalto.

O presidente da República, afinal, não é simpático às teses liberais defendidas por Guedes e apresentadas ao eleitorado na campanha de 2018. Ao contrário, Bolsonaro sempre foi favorável a um Estado forte, como bem demonstra seu histórico parlamentar.

As reformas, assim, ganham um obstáculo extra - o Planalto - e tem em Guedes um combatente hoje quase solitário. A reforma da Previdência, é importante lembrar, foi aprovada muito em função dos esforços do então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ). Hoje, qual o real compromisso de Arthur Lira (PP/AL) e dos partidos do Centrão com as reformas tributária e administrativa?

O recente episódio envolvendo a Petrobras sintetiza a atual condição de Paulo Guedes. Em um claro movimento intervencionista, Bolsonaro afastou o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, ligado ao ministro, e colocou em seu lugar um general pronto a atender ao Planalto. Ficou mais do que evidente a falta de autonomia de Guedes e, é claro, o mercado reprovou a ação do governo. O estrago está feito.

O Banco do Brasil é outro potencial alvo do presidente. O comandante da instituição financeira, André Brandão, igualmente aliado a Guedes, pode perder o cargo muito em breve. O ministro da Economia segue acumulando reveses.

Nem mesmo a recém-editada medida provisória que trata da privatização da Eletrobrás parece capaz de reverter o quadro. Como se sabe, são grandes as objeções políticas à venda da estatal, e a proposta corre riscos no Congresso Nacional, estando no Senado Federal o maior foco de resistência para aprovação da MP.

O resumo da ópera é claro: Paulo Guedes hoje é uma pálida sombra do poderoso economista que animou eleitores e mercado durante a campanha presidencial. Pouco importa se o “ministro da semana que vem” continuará ou não à frente da pasta. Seu peso político hoje beira a irrelevância.

André Pereira César
Cientista Político

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