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Governo Bolsonaro – o último adeus do liberalismo

Governo Bolsonaro - o último adeus do liberalismo

Um dos principais pontos da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro (sem partido), a agenda liberal, definitivamente perdeu espaço. A pá de cal é o imbróglio envolvendo a Febraban-Federação Brasileira de Bancos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Caíram as últimas máscaras.

A questão, como se sabe, envolve o manifesto de setores do “PIB” em defesa da democracia e da pacificação política, que conta com ativa participação da Febraban. Insatisfeitos com o movimento e mostrando-se alinhados com o Planalto, os presidentes dos dois bancos comunicaram à Febraban, após a concordância do presidente da República, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o desejo de se desligar da entidade caso o citado manifesto seja divulgado. Um ambiente no mínimo hostil se estabeleceu no setor.

Importante notar que o manifesto não cita, em momento algum, o nome do titular do Planalto ou seu governo. Ao contrário, trata-se de um artigo genérico que apenas prega o entendimento nacional, em meio a um contexto de degradação do ambiente geral. Pouco importa. Banco do Brasil e Caixa partiram para o rompimento sem medir as consequências políticas e econômicas desse ato.

Cabe ressaltar que a ação tem o comando do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, personagem bastante próximo a Bolsonaro e com pretensões políticas claras - seu desejo é substituir Paulo Guedes no ministério da Economia.

O intervencionismo do governo Bolsonaro é mais que evidente, e a crise Febraban/bancos públicos representa mais uma face dessa realidade. O presidente da República, como se sabe, tem agido com frequência no sentido de controlar decisões administrativas das instituições. Recentemente, o então presidente do BB foi demitido após anunciar a redução do número de agências do banco. Mais uma promessa de campanha que cai por terra.

O possível pedido de desfiliação é atitude extrema e injustificada, ainda mais quando se leva em consideração que o manifesto dos próximos dias será apenas mais um entre outros já divulgados por importantes setores da economia. Agora, os mercados parecem estar chegando ao limite no apoio a Bolsonaro. A ruptura definitiva é questão de tempo.

Enfim, o titular do Planalto utiliza-se sempre da expressão “meu Exército” ao falar a seus apoiadores. Agora, ele poderá agregar “meus bancos” a seu vocabulário. O liberalismo da campanha de 2018 virou pó.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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