Governo Bolsonaro e o Brasil no mundo: de pária a ameaça global - Política - Hold

Governo Bolsonaro e o Brasil no mundo: de pária a ameaça global

A imagem dispensa maiores explicações. Em Jerusalém, durante cerimônia com o chanceler israelense Gabi Ashkenazi, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e os demais membros da comitiva brasileira levaram uma bronca pública e se viram obrigados a usar máscara e manter o distanciamento de outras pessoas na ocasião. Constrangimento puro.

A viagem de comitiva oficial a Israel em busca de spray nasal para o tratamento da Covid-19 ilustra bem o atual estado da política externa brasileira. Sem uma agenda clara e efetiva e buscando um produto em fase inicial de testes e ainda sem comprovação científica alguma, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tateia a esmo em busca de soluções mágicas para a crise atual.

A saia justa protagonizada pelo comandante do Itamaraty representa um evento menor quando se olha o quadro geral. O fato é que a política externa brasileira atravessa um período delicado, de obscurantismo.

De pária, por conta dos problemas no enfrentamento das questões ambientais, acordos bilaterais em detrimento do globalismo e no enfrentamento da pandemia, o Brasil rapidamente passou à condição de “ameaça global”. O próprio governo Biden, junto a autoridades de saúde norte-americanas, já concedeu esse novo “status”, em função do descontrole da doença registrado em terras tupiniquins, seja por conta do negacionismo de algumas autoridades, seja da falta de vacinas ou da letalidade apresentada pela variante de Manaus.

Assim, não surpreende que o mundo comece a se fechar ao Brasil. Diversos países já impõem obstáculos à entrada de pessoas que tenham apenas passado por solo brasileiro e, em muitos casos, a proibição de ingresso é total. Evidentemente, tal situação tem reflexo direto sobre nossa economia, com restrições a circulação de pessoas e produtos “made in Brazil”.

Some-se a isso a caótica política ambiental, capitaneada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A mídia atualmente tem dado pouco espaço à questão das queimadas e do desmatamento da Amazônia, mas o fato é que lideranças mundiais e investidores seguem insatisfeitos com a condução do problema por parte do governo brasileiro. Graves sanções seguem no horizonte.

O resumo da ópera é um só: junto ao titular da Saúde, Eduardo Pazuello, os ministros Araújo e Salles apenas contribuem para piora da imagem do Brasil em todo o planeta. Ao mantê-los à frente de suas pastas, Bolsonaro confirma sua aposta na turbulência e no caos visando a eleição presidencial de 2022.

André Pereira César
Cientista Político

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