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Crise no Ministério da Saúde – Pazuello sob múltipla pressão

Um dos principais protagonistas da cena política atual, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, vê a cada dia aumentar a pressão sobre sua administração. Apesar de tudo e em meio ao avanço da pandemia, ele segue à frente da pasta. Até quando?

Talvez a síntese da “gestão Pazuello” tenha sido a troca de vacinas entre o Amazonas e o Amapá. As doses destinadas aos dois estados foram trocadas, em um episódio no mínimo constrangedor. Seria cômico, não fosse trágico - e a condição de “especialista em logística” do general ficou definitivamente em xeque.

À troca de vacinas somam-se outros fatos que demonstram a reduzida habilidade do ministro em enfrentar a crise da saúde. Assim, não surpreende que a pressão sobre ele tenha chegado a um ponto praticamente insustentável.

No âmbito do Congresso Nacional, ganha corpo a possibilidade de instalação de CPI para investigar a conduta do governo na crise da Covid-19. O requerimento está com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), que ainda não se manifestou sobre o caso. Confirmado seu funcionamento, a CPI terá potencial para ser decisiva quanto ao futuro de Pazuello no cargo - e também pressionará o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ainda no Congresso Nacional, a recém-instalada Comissão Mista de Orçamento criou uma ação específica no projeto da lei orçamentária de 2021. No caso, emendas parlamentares destinadas ao enfrentamento da pandemia serão repassadas diretamente ao destinatário, sem necessidade de passar pelo ministério da Saúde. Há diversos relatos de negativas da pasta para essas emendas. Mais um revés para Pazuello.

Em paralelo, governadores se mobilizam para, em conjunto, adquirir vacinas. A falta de diálogo entre o governo federal e laboratórios levou os estados a adotarem a medida, que tem caráter de urgência dado o avanço da doença.

Por fim, a liminar concedida pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, obrigando o governo federal a retomar o custeio de leitos de UTIs nos estados de São Paulo, Maranhão e Bahia, mostra que a Justiça também começa a fechar o cerco com relação à inépcia do governo, na figura de Pazuello, no combate à pandemia. Definitivamente, a situação do ministro é crítica.

Até o momento, a manutenção do general no comando do ministério da Saúde obedece aos interesses de Bolsonaro. O titular da pasta funciona como uma espécie de biombo, protegendo o presidente de ataques mais diretos no que diz respeito à pandemia. No entanto, a evolução dos fatos indica que Pazuello se torna mais e mais uma figura tóxica para o governo. Seu descarte, assim como aconteceu com outros membros do governo, pode estar próximo.

André Pereira César
Cientista Político

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