Crise em expansão - Hold

Crise em expansão

A crise política ganhou novos contornos a partir da revelação da “lista da Odebrecht”. A partir de agora, o mundo político como um todo entra em suspeição, indo além do PT e seus aliados.

Documentos apreendidos pela Polícia Federal listam possíveis repasses da empreiteira para mais de duzentos políticos de 24 partidos. Ao que se sabe, esse é o mais completo acervo do que pode ser a contabilidade paralela descoberta e revelada pela força-tarefa da Operação Lava Jato.

As planilhas estavam com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e conhecido no mundo empresarial como “BJ''. Foram apreendidas na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, realizada em fevereiro último.            Era na Odebrecht Infraestrutura que funcionava o setor de "Operações Estruturadas", que as investigações revelaram ser o departamento da propina na empresa, no qual funcionários utilizavam um moderno software de gerenciamento de contratos e pagamentos para fazer a "contabilidade paralela" da empresa, que incluía entregas no Brasil e também transferências em contas no exterior.

As planilhas são riquíssimas em detalhes – embora os nomes dos políticos e os valores relacionados não devam ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa dois da Odebrecht para os citados. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.

Os documentos relacionam nomes da oposição e do governo. São mencionados, por exemplo, Aécio Neves (PSDB/MG), Geraldo Alckmin (PSDB/SP), Romero Jucá (PMDB/RR), Humberto Costa (PT/PE) e Eduardo Campos (PSB/PE), morto em 2014, entre vários outros. Muitos dos nomes são identificados com apelidos.

Em meio aos avanços da Lava Jato, os executivos da empreiteira anunciaram na última terça-feira que farão uma "colaboração definitiva" com as investigações. Mais novidades devem surgir a partir daí, colocando em risco ainda maior o sistema político.

É preciso ficar claro que as investigações em curso mostrarão o que é verdadeiro e o que é falso em toda essa história. A “lista de Furnas”, divulgada em 2006 e que tratava de supostas malversações de políticos do PSDB e do PFL (atual DEM), jamais foi provada. O mesmo pode ocorrer agora com a nova lista.

De todo modo, é importante notar que, verdadeira ou não, a “lista da Odebrecht” coloca a crise política em novo patamar e indica que o foco da Operação Lava Jato pode estar mudando. Para o governo Dilma, isso representaria um pouco de fôlego em meio à tempestade.

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