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Considerações sobre o governo Jair Bolsonaro

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deverá começar a enfrentar dificuldades nas próximas semanas no Congresso Nacional. O sinal veio ontem, quando o governo não alcançou os 308 votos necessários para preservar as alterações promovidas nas destinações dos fundos públicos.

Ao tentar desvincular as receitas da Administração Tributária e preservar outras que não estavam no escopo da discussão, como recursos para a Defesa e para a Polícia Federal, o governo teve uma reviravolta na sua base aliada. Muitos parlamentares de partidos que apoiam o governo votaram contra os interesses do Planalto.

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, foi chamado às pressas. Não teve como avançar sem negociar. Para não perder outro destaque em votação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve de autorizar a possibilidade de promoção de servidores civis e militares, mesmo com níveis de endividamentos atingidos.

Após o recuo do governo, o presidente Arthur Lira (PP/AL) conseguiu avançar nos demais destaques. O que parecia apenas um afinamento e ajuste feito em plenário é comentado de maneira distinta nos bastidores.

Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram fazer suas contas. O sentimento observado é de que o presidente Bolsonaro não trabalhará tanto assim pelo equilíbrio de gastos e austeridade fiscal enquanto o ex-presidente Lula inicia o seu giro pelo Brasil.

Portanto, as apostas dos congressistas são a de que o governo inicie uma pauta mais populista, a favor do servidor público, dos mais pobres, dos mais vulneráveis e dos desassistidos, abandonando de vez o discurso liberal e de austeridade fiscal.

É de se esperar, então, que tanto os senadores como os deputados também abandonem a defesa de uma pauta que está sendo desprezada pelo próprio Executivo. O Centrão, em momentos assim, aumenta a sua “fome”, ou seja, toda necessidade do governo será entregue mediante um aluguel cada vez maior.

Com relação à Saúde, o ministro Pazuello já está fora, só não foi ainda comunicado. É questão de dias. O ministério da Saúde deverá ser entregue para algum partido de centro, provavelmente para o Progressistas.

O momento é terrível. Sem emendas, sem orçamento, sem sinais de recuperação econômica, sem controle da escalada do câmbio, sem política eficaz para vacinação, com cerca de 14 milhões de desempregados, 270 mil mortes em decorrência do coronavírus, déficit público de R$ 700 bilhões e retração no PIB.

Nesse cenário, dificilmente o governo consiga fôlego para se manter “intocável”. Uma máxima muito importante que circula no Congresso Nacional: “o centrão é fiel, mas o centrão não segura alça de caixão”.

Fato: a campanha para a sucessão presidencial de 2022 já começou, cada um com sua estratégia.

Consequência: economia em baixa.

HOLD Assessoria Legislativa

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